Os trabalhadores do setor elétrico decidiram, por ampla maioria, paralisar as atividades nos dias 28, 29 e 30 de maio, na próxima semana. O objetivo é protestar contra o impasse da Eletrobras no pagamento da Participação de Lucros e Resultados. A assembleia foi realizada nesta quinta-feira (22), no Rio de Janeiro. O CNE se reúne com a empresa nesta quarta-feira (27), às 11h. A Eletrobras deve apresentar uma proposta.
Desde o começo do ano, a empresa afirma que não pode pagar o benefício, frente ao prejuízo de 6,3 bilhões de reais em 2013. O governo já recebeu a sua parte no benefício.
“O prejuízo foi causado por inépcia do governo que tentou diminuir a tarifa com a Medida 579, que deixou a Eletrobrás em situação deplorável”, critica o diretor do SENGE-RJ Agamenon Oliveira, que trabalha no Cepel.
A assessoria do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) elaborou uma análise do balanço da Eletrobras. Não fossem os efeitos da Lei 12.783, criada a partir da MP 579, o grupo teria um lucro de 6,4 bilhões.
Os trabalhadores defendem que o cálculo da PLR deve ser feita a partir de metas operacionais, e não financeiras.
O diretor do Sindicato Gunter de Moura Angelkorte, que trabalha na Eletronuclear, explica que a proposta foi apresentada ao Ministério de Minas e Energia durante as reuniões realizadas nos dias 7 e 8 de maio em Brasília. Os representantes do governo se posicionaram a favor do novo cálculo.
“Diante da crise causada pela Lei 12.783/13, seria impossível a Eletrobras ter lucro”, afirma Gunter. A lei foi criada a partir da Medida Provisória 579 e trata da renovação das concessões de energia elétrica e prometia estabelecer a redução do valor das contas de luz.
Através de um comunicado, o Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) criticou a posição da empresa.
“É preciso reforçar ainda mais que os trabalhadores fizeram a sua parte, tanto é verdade que todas as empresas do Sistema Eletrobras tiveram resultados positivos, em especial no operacional. Tanto que a assembleia de acionistas aprovou o demonstrativo financeiro de 2013, onde consta a distribuição de dividendos e consequentemente o pagamento da PLR, mas que contraditoriamente não garante a categoria o pagamento da mesma. E disso, os trabalhadores não abrem mão”.
Em abril, foi realizada uma paralisação de 48 horas, com mais de 95% de adesão. Além disso, os eletricitários participaram de diversas reuniões com a empresa, mas em nenhuma delas a direção informou quando o pagamento será feito.