Os absurdos da gestão errática da Eletrobras após a privatização realizada pelo governo Bolsonaro seguem desafiando os limites do bom senso.
No último dia 08 de dezembro, a empresa anunciou, em comunicado, a eleição de Robson Pinheiro Rodrigues de Campos como o novo vice-presidente de Engenharia e Expansão da empresa.
Formado em direito, especializado em Finanças e mestre em Gestão, Robson assume a vaga antes ocupada interinamente pelo engenheiro mecânico e mestre em Energia e Meio Ambiente, Ítalo Tadeu de Carvalho Freitas Filho. Em resposta á nomeação, na última segunda-feira, as ações da empresa registraram queda.
Desatino e reestatização
Olímpio Alves dos Santos, presidente do Sindicato dos Engenheiros no rio de Janeiro (Senge RJ), destaca a mensagem óbvia que a substituição de um engenheiro por um advogado especializado em finanças significa.
“Essa empresa, ao invés de estar preocupada com a expansão do sistema elétrico brasileiro para prover energia para a população, indústria e comércio, está focada nas finanças. É um desatino, uma inversão de valores. Não tem o menor sentido. O que vai uma pessoa, ainda que especializada em direito, gestão e finanças, entender da expansão de um sistema de energia elétrica do tamanho do sistema Eletrobras? Temos que questionar isso junto ao Crea RJ (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro) e o Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia), tomando o cuidado de não sermos corporativos”, aponta Olímpio.
O presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (FISENGE), Roberto Freire, também criticou a escolha e alertou para a importância da reestatização da Eletrobras. “Sem tirar o mérito dos advogados, mas vocês acham que um engenheiro ocuparia a vice-presidência em um escritório jurídico? Essa função é estratégica, que é a expansão da engenharia no Sistema Elétrico brasileiro que foi entregue ao mercado financeiro. Vimos São Paulo com apagões, porque ENEL não deu conta e não dará. O mercado está para ganhar dinheiro e não cumprir uma função social e, por isso, lutamos pela reestatização da Eletrobras. Precisamos de protagonismo da engenharia”, defendeu Freire.
O presidente do Senge RJ concorda: “É uma mudança total de foco de uma empresa que deveria estar preocupada, não com prover dividendos para seus acionistas, mas em manter a segurança do sistema, com a disponibilidade de energia barata. A verdade é que a nossa tarefa é lutar para retomar a Eletrobras como uma empresa pública”, finaliza.
Senge RJ
com informações da Fisenge e Eletrobras.