Escala a pressão dos trabalhadores e trabalhadoras da Empresa de Pesquisa Energética – EPE, por uma proposta da empresa que responda de fato às suas demandas. No último dia 28 de novembro, os funcionários da empresa pararam. Durante a greve de 24 horas, os corredores da EPE ficaram vazios, mostrando a força daqueles que são a empresa de fato.
Ninguém ficou em casa. Durante as 24 horas de paralisação, os trabalhadores e trabalhadoras tinham uma missão importante: decidir em assembleia, na frente da empresa, quais seriam os próximos passos da mobilização. Segundo Felipe Araújo, diretor de Negociações Coletivas do Senge RJ, as cerca de 100 pessoas “deram aula de maturidade e consenso progressivo, muita troca de experiências e a visão da EPE onde todos gostariam de trabalhar”. Ao final da assembleia, os trabalhadores chegaram a três deliberações:
1- Reestabelecer avaliação da diretoria, pelos trabalhadores, após negociações do ACT;
2- Plano de Cargos e Salários participativo, já! : cobrança de um calendário de de trabalho da consultoria a ser contratada pela EPE para reavaliação e atualização do PCS que foi desenvolvido internamente há alguns anos, para acompanhamento dos trabalhadores; cobrar que o novo PCS siga o modelo participativo experimentado pelos trabalhadores quando do desenvolvimento do PCS anterior, com comissão de acompanhamento com representantes dos trabalhadores escolhidos em assembleia, assim como audiências públicas com todos os trabalhadores; e que após atualização e implementação do PCS, seja, desenvolvido e agregado ao PCS um Plano de Carreiras.
3 – Elaboração e emissão de cartas ao Presidente da República, Ministro de Minas e Energia e Ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, consolidando a importância estratégica da EPE para o Brasil, expondo a situação dramática dos trabalhadores e cobrando uma resolução célere e digna para o atual processo negocial.
A assembleia também decidiu manter o estado de greve e o regime de assembleia permanente. “Caso a EPE não envie para a bancada laboral nova contraproposta até o final de quarta-feira, 29 de novembro, será convocada nova assembleia para 01 de dezembro, para reavaliar a situação e debater sobre o calendário de lutas”, aponta Felipe.
Proposta rebaixada
As negociações do Acordo Coletivo de Trabalho 2023-2024 vem sendo um processo marcado pela resistência da Empresa de Pesquisa Energética, somada a um histórico que acumula enormes perdas para os trabalhadores. Entre maio de 2014 e abril de 2022, a perda salarial foi de 19%. O auxílio alimentação registrou perda de 42% e o auxílio saúde, de 54%. Apesar disso,no início de novembro, a empresa apresentou uma contraproposta muito aquém da pauta de reivindicações dos funcionários e funcionárias.
No último dia 14 de novembro, um grande ato na frente da empresa foi imediatamente respondido pela diretoria da EPE. A empresa enviou ofício aos sindicatos para a realização de reunião naquele mesmo dia. O presidente da estatal, Thiago Ferreira Prado, a diretora de Gestão Corporativa, Angela Livino, a assessoria de imprensa da empresa e outros representantes da bancada patronal receberam os sindicatos. A reunião trazia informes sobre as tratativas com a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais – SEST e propostas para melhorar a comunicação entre a empresa e os trabalhadores, mas não avançou de forma concreta nas demandas.
Com a espera se arrastando sem respostas da empresa, nova assembleia foi marcada para 24 de novembro, onde foram aprovadas a greve e a intensificação da mobilização pela assinatura do ACT 2023/2024 ainda este ano. Comprometidas em fazer avançar a negociação entre trabalhadores e empresa, sindicatos e funcionários seguem na luta, juntos. “Ontem, os trabalhadores da EPE demonstraram o quanto são grandes. Seguiremos na rota de crescente organização e mobilização”, declara Felipe.