EPE estima gastar R$ 35 mil por mês com carros

Veículos da Empresa de Pesquisa Energética terão motoristas à disposição das 6h às 22h

LARISSA VELOSO / ESPECIAL PARA O TEMPO

COM FRANSCINY ALVES

FONTE: O TEMPO

 

 

Os servidores concursados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em greve por tempo indeterminado por não terem recebido reajuste neste ano, tiveram uma surpresa no último dia 11. A companhia para a qual trabalham decidiu abrir licitação para contratar, por R$ 35 mil mensais, os serviços de três veículos executivos e quatro motoristas.

Conforme especificado no edital, um dos carros tem que ser escolhido entre os modelos Toyota Corolla, Ford Fusion, Citröen C4 Pallas, Renault Fluence, Hyundai Elantra e Peugeot 408 Sedan, veículos cujos valores giram em torno de R$ 75 mil no mercado. Os outros dois veículos teriam que ser dos modelos GM Cobalt, Fiat Grand Siena, GM Prisma, Renault Logan, Hyundai HB20S ou Nissan Versa, que custam cerca de R$ 50 mil.

Os carros não serão comprados, mas sim alugados, junto com os serviços de transporte. Os quatro motoristas contratados para o serviço terão que se revezar para ficar à disposição das 6h às 22h, trabalhando 44 horas por semana e podendo estender a jornada por mais 48 horas mensais. O valor total do serviço, para o período de um ano, é de R$ 427,5 mil.

 

 

O documento que lança o pregão eletrônico para contratar os serviços traz um curioso detalhamento até mesmo da vestimenta dos condutores dos carros, incluindo “meias da cor preta de boa qualidade”, terno em tecido microfibra liso, preto ou azul, sapato social, “cinto preto de couro de boa qualidade” e “gravatas de cor discreta, sem estampa”.

“Acho que isso, num momento em que se pede mais parcimônia com os gastos públicos, não condiz com a visão do governo federal”, disse o representante da Intersindical, Euler Silva.

Os veículos serão usados pela diretoria da empresa, mas, segundo o sindicato, um dos quatro diretores já abriu mão de ter um veículo a sua disposição.

Reajuste parado. Os servidores da EPE pedem reajuste de 10,17% para analistas (sendo 8,17% relativos à inflação e 2% de perda salarial desde a data-base, em maio) e 40% para os servidores técnicos. A EPE ofereceu 5% de reajuste. Segundo o sindicato, a diferença entre o aumento pedido pela categoria e o oferecido pela EPE oneraria a empresa em cerca de R$ 900 mil, pouco mais de duas vezes o valor da licitação.

 

Outro lado

EPE. A reportagem tentou, durante toda a tarde desta segunda, obter respostas da EPE, sem sucesso. No edital, a justificativa é que a empresa não possui frota própria de veículos.

 

Carros são lavados a cada três dias

Não é só a aquisição do serviço de transporte para os diretores que vem dando despesas para a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A própria limpeza e o abastecimento dos veículos baseados na sede do Rio de Janeiro, que ficaram a cargo da companhia, geraram um gasto de R$ 97 mil.

O valor foi pago à vencedora, a empresa Prime Consultoria e Assessoria Empresarial, por uma licitação ocorrida em maio deste ano. O contrato prevê o abastecimento com etanol dos cinco carros locados pela empresa, pelo valor total de R$ 83,4 mil, durante 12 meses.

Também estão previstas 40 lavagens por mês, a R$ 30 cada uma, totalizando R$ 14,4 mil. Como são cinco carros, cada veículo seria lavado duas vezes por semana, um hábito pouco usual em tempos de crises financeira e hídrica.

No edital, a justificativa é “proporcionar praticidade na gestão do abastecimento e lavagem dos veículos, possibilitando controle, segurança, agilidade e transparência das despesas realizadas, evitando o sistema de notas fiscais e reembolsos”. Na licitação estava estabelecido que o serviço seria prestado por meio de cartões magnéticos, usados em vários postos da rede.

A reportagem procurou a EPE, mas não tinha obtido resposta até o fechamento desta edição.

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