Estudantes ocupam Uerj contra sucateamento

Professores e servidores começam a participar da ocupação, iniciada no dia 30/11

 

Na última terça-feira (01/12), os campus da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) amanheceram com uma dinâmica diferente. Na noite anterior (30/11), estudantes decidiram ocupar os campus do Maracanã e da Faculdade de Formação de Professores (São Gonçalo). Logo, o mesmo aconteceria nos campus de Caxias, Rezende e Friburgo. As principais reivindicações da ocupação são o pagamento imediato das bolsas atrasadas de estudantes e cotistas e dos salários dos terceirizados, que não recebem há dois meses. Além disso, os residentes do Hospital Universitário Pedro Ernesto, que sofre pelas consequências de um longo processo de precarização e descaso do governo do estado, exigem investimento e valorização. Gloria Paixão, estudante do sexto período de engenharia da Uerj, ressalta: “ocupamos a Uerj para pressionar o governo a atender nossas pautas e negociar. Do jeito que está, não dá pra ficar.”

Desde o início da ocupação, a grade de aulas foi substituída por uma intensa programação de cunho político, artístico e cultural. A estudante, que é presidente do CAENGE (Centro Acadêmico de Engenharia) e membro do Diretório Central dos Estudantes (DCE), ressalta a importância dessas atividades para manter a ocupação. “Quem quiser contribuir realizando shows, intervenções, oficinas, debates ou aulas públicas será muito bem vindo”.

 

 

A ocupação, que surgiu como iniciativa dos estudantes, já recebe apoio e participação de outros membros da comunidade acadêmica. É o caso dos docentes e técnicos-administrativos da Uerj, representados pela ASDUERJ e o SINTUPERJ, respectivamente. Reunidos ontem em assembleias, eles decidiram compor a ocupação. De acordo com o boletim disponível na página ‘Ocupa Uerj’, também administrada por estudantes, os servidores decretaram estado de greve com paralisações em dias de ato, e os professores também aprovaram estado de greve, com paralisações marcadas para a próxima quarta-feira (09/12) e quinta-feira (10/12). Os estudantes de cada curso também estão realizando assembleias para decidir posicionamento e propostas para a ocupação.

Já os trabalhadores terceirizados, segmento fragilizado pela ausência de estabilidade no emprego, intensos assédios morais e riscos de demissões, não tem participado das atividades, e são obrigados a ir para a Uerj para assinar o ponto. Glória informa que o posicionamento dos estudantes é de permitir a entrada dos funcionários, mas não permitem que eles trabalhem. “Eles não estão recebendo, como podem trabalhar? Quem tem cuidado de toda a limpeza dos prédios são os próprios estudantes, a responsabilidade é nossa”.

 

 

Ainda hoje, haverá uma reunião entre os estudantes e a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI). No entanto, Glória não vê perspectivas de negociação no curto prazo. “Tudo o que o governador Pezão (PMDB) e o secretário da fazenda fazem é dizer que não tem dinheiro. Mas vamos continuar ocupando até que nos deem respostas efetivas”.

 

Contribua com a ocupação

A estudante de engenharia diz que os manifestantes da Uerj Maracanã tem conseguido com mais facilidade porque o local tem restaurante universitário (bandejão). Nos demais campus, que não tem bandejão, existe uma demanda grande por refeições e quentinhas. Em todos os casos, os alunos recebem doações de água, materiais de limpeza e higiene e biscoitos e frutas para a ocupação, além de alimentos não perecíveis destinados aos terceirizados.

 

 

Confira o boletim da ocupação da Uerj, disponível na página ‘Ocupa Uerj’ (atualizado na quinta-feira, 3 de dezembro, às 17:59)

– SINTUPERJ: Estado de greve com paralisação pontual – somente em dias de ato

– ASDUERJ: Estado de greve aprovado com paralisação quarta-feira (09/12) e quinta-feira (10/12).

– MEDICINA: Paralisação até o dia 10/12. Podendo haver uma assembleia extraordinária em caso de pagamento.

– ODONTOLOGIA e ENFERMAGEM: Ocupação do Edifício Paulo de Carvalho onde funcionam a Faculdade de Odontologia e a Faculdade de Enfermagem.

– BIOLOGIA: O Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes (IBRAG), decidiu apoiar o movimento de greve.

– SERVIÇO SOCIAL: Cancelamento total das aulas. Nenhuma prova presencial ou por e-mail, nenhum trabalho, nenhum relatório de estágio será entregue enquanto estiver em greve.

– COMUNICAÇÃO SOCIAL (RELAÇÕES PÚBLICAS E JORNALISMO): Assembleia às quinta-feira (03/12) 18h30min.

– CIÊNCIAS SOCIAIS: Todas as atividades acadêmicas paralisadas com o apoio dos professores.

– ENGENHARIA: A assembleia da engenharia é amanhã (04/12) às 15h.

– GEOGRAFIA: Cancelamento total das aulas. Nenhuma prova presencial ou por e-mail, nenhum trabalho, nenhum relatório de estágio será entregue enquanto estiver em greve. Foram cancelados todos os trabalhos de campo.

– Assembleia dos cursos de Biologia, Nutrição, Medicina e Odontologia, decidiram que os alunos de Iniciação Científica só poderão ter acesso aos laboratórios mediante nome na lista liberada pelo IBRAG.

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