Viralizou nas redes sociais nos últimos dias um trecho de uma entrevista com Tallis Gomes, dono da G4 Educação e da G40 Treinamentos e Cursos. Na conversa, o empresário fala sobre a rotina de trabalho que impõe aos colaboradores de suas empresas, oferecendo um vislumbre do mundo do trabalho na visão da direita.
As mudanças das leis trabalhistas promovida pela contrarreforma do governo Michel Temer, em 2017, tornou viável modelos de contratação com menos direitos e maior flexibilidade. Mas, na prática, o mercado encontrou caminhos para precarizar o trabalho e exigir ainda mais de quem já precisa abrir mão de muito para trabalhar. E não há limites.
Segundo Tallis, a base da “cultura da empresa” está em não contratar esquerdistas. “É ‘mimizento’, não trabalha duro, fica com esses negócios de, pô, parece que todo mundo deve alguma coisa para ele”, conta o empresário.
Além do viés político das contratações, Tallis exige grande dedicação de seus contratados: são de 70 a 80 horas de trabalho por semana. Segundo ele, quem não trabalha de 14 a 16 horas por dia “não vai conseguir nada na vida”.
“A turma que trabalha lá na G4 trabalha pra ca***, estávamos ontem até 1h da manhã trabalhando, e hoje, 8h, o escritório estava cheio. Se for lá 22h, o escritório está cheio novamente, eu vou lá domingo e tem uma galera”, destaca. O empresário também criticou o modelo home office que, apesar dos diversos estudos que provam o contrário, segundo ele, só funciona “sábado e domingo”.
Tallis, que se apresenta como “especialista em gestão”, também defende o que chama de “santificação do local de trabalho”, com leituras da bíblia e grupos de orações durante o expediente.
As falas do empresário repercutiram na grande mídia, com matérias em noticiários internacionais, como BBC World News. Segundo Metrópoles, há diferentes denúncias em investigação contra a G4. Entre as denúncias estão casos de assédio moral e jornadas exaustivas.
Nas eleições de 2022, na véspera do segundo turno, Tallis Gomes publicou carta abrta pedindo votos para o candidato fascista, Jair Bolsonaro. “Poderia citar dezenas, centenas de razões para reeleger Jair Bolsonaro. Os benefícios de seu governo e time, acredite, compensam os defeitos do presidente, que não são poucos, reconheço”, afirmou.
Rodrigo Mariano/Senge RJ (com informações do Brasil de Fato) | Foto: Reprodução/Youtube