Governo avança no diálogo para evitar greve nas universidades federais

Após reunião nessa quinta-feira, representantes de universidades federais destacam que sentiram “total abertura para discussão de todas as pautas”

Servidores públicos das universidades federais entram em greve na segunda-feira (15). Além de professores, devem aderir à paralisação servidores dos quadros técnico-administrativos. Uma das pautas centrais é a de reajuste salarial. Ontem (11), o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu entidades representantes de classe. Em pauta, um diálogo para tentar evitar a greve e abrir a mesa de negociações.

“Discutimos sobre vários temas relacionados às universidades e os centros técnicos federais e sobre a reconstrução do país”, destacou a presidenta da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão Moura. A audiência, que durou mais de duas horas, contou com a presença dos ministros Camilo Santana, da Educação (MEC); e da ministra Esther Dweck, da pasta da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI).

Entre os principais pontos argumentativos de Márcia estão a necessidade de recomposição do orçamento das universidades e institutos federais. Além de um projeto de financiamento crescente para os próximos períodos.

Acordos

Então, o governo fechou alguns acordos com a Andifes. “Entre alguns pontos tratados, destaca-se o agendamento de reunião entre a Andifes, o MEC e a área econômica do governo para tratar do orçamento das universidades federais. Com data ainda a ser definida. Outro acordo fechado foi a busca de um entendimento, por parte do Governo, com os sindicatos de servidores técnicos e docentes. Isso, para a valorização da carreira”, informa a entidade.

O vice-presidente da Andifes, reitor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Valder Steffen, considerou a reunião positiva. “Sentimos total abertura para discussão de todas as nossas pautas e percebemos uma sinceridade muito grande e compromisso conosco, com os estudantes e com a juventude brasileira”, disse.

Mobilização nas universidades federais

A secretária-geral do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Fran Rebelatto, destaca que a mobilização segue durante as negociações. “Estaremos em greve na próxima semana. O governo finalmente chamou para mesa de negociação. Infelizmente, tivemos apenas protocolos de trabalho e nada de concreto em termos das pautas. Mas aproveitamos o espaço para reforçar nossas necessidades, como o fim das intervenções (nomeações para cargos sem respeitar a lista tríplice de indicados) em um governo democrático e popular”, disse.

Raquel Dias, vice-presidente da Andes, destacou outras pautas. “Apresentamos na mesa a defesa de 10% do PIB para a educação pública. Esses recursos devem ser exclusivos para a educação pública. Outro tema é a revogação do Novo Ensino Médio (…). É importante registrar que o Andes já protocolou sua pauta diversas vezes junto ao MEC. O primeiro documento continha 11 pontos programáticos que incluem a defesa da educação pública gratuita, leiga e democrática, como direito social”, disse.

Debate na Câmara

A Comissão de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados realiza na terça-feira (16) um debate sobre o tema. A audiência foi proposta pela deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) e recebeu o apoio das deputadas Alice Portugal (PCdoB-BA), Erika Kokay (PT-DF), e dos deputados Reimont (PT-RJ) e Rogério Correia (PT-MG)

Para Sâmia, o debate é essencial. Isso porque 30 universidades já anunciaram adesão à greve. Mais 50 podem se somar à luta. “Há um motivo centralizador para a mobilização desses servidores: a necessidade urgente da reposição de perdas salariais”, disse.

Então, ela reforçou que o governo precisa de dedicação para enfrentar o problema, uma vez que, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), houve um desmonte das instituições. “De acordo com estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 100% das universidades federais receberam, entre 2010 e 2022, valores inferiores ao necessário para manter o patamar de despesas por matrículas.”

Fonte: Rede Brasil de Fato
Foto: Arquivo/Agência Brasil

Pular para o conteúdo