Fonte: Núcleo Piratininga de Comunicação
Desde 1988 a Medalha Chico Mendes de Resistência homenageia pessoas e grupos que participam, ou participaram, da luta por direitos humanos e uma sociedade mais justa. Criada pelo Grupo Tortura Nunca Mais (GTNM) e outras entidades, a entrega da medalha chegou a sua 25ª edição nesta segunda-feira, dia 1º de abril. Em diversos momentos, foi lembrado que a violação dos direitos de ontem continua ainda hoje, o que se vê no assassinato recorrente de jovens moradores de periferias desse país. Também o passado da ditadura civil-militar não pode ser esquecido. Como destacou Victoria Grabois, presidente do GTNM, é necessário pedir punição aos mandantes de crimes passados, para que a impunidade de ontem não continue resultando na violência de hoje. Ela disse que considera a Comissão da Verdade muito limitada, “pois só quer contar a história, o que é importante mas não é suficiente. Nós, por outro lado, queremos justiça”, afirmou. A cerimônia ocorreu na Associação Brasileira de Imprensa – ABI, no Centro do Rio de Janeiro.
A programação foi emocionante e apresentou um leque de homenageados. Um dos momentos mais marcantes foi a mística organizada pelo MST em homenagem aos trabalhadores rurais Cícero Guedes e Regina dos Santos. Eles foram encontrados mortos recentemente em Campos dos Goytacazes (RJ). Nesta cidade, o movimento possui um assentamento na Usina Cambahyba, local onde foram incinerados diversos corpos de desaparecidos políticos da época da ditadura civil-militar. Os presentes pediram “nenhum minuto de silêncio e toda uma vida de luta” em memória ao exemplo de militância que eles deixaram na defesa da reforma agrária.
Ao longo da noite foram citadas diversas lutas que temos hoje no Brasil, seja no campo ou nos centros urbanos, que revelam a ditadura que ainda existe em nosso país. Um verdadeiro retrato daqueles que têm resistido a vários desmandos, inclusive do próprio Estado, de onde deveria partir a garantia de direitos. Um exemplo disso foram as homenageadas Vera Lucia Gonzaga dos Santos e Debora Silva Maria, representantes do movimento Mães de Maio de SP. O grupo foi criado a partir das mortes de jovens ocorridas na capital paulista, no mês de maio de 2006, que ainda não foram esclarecidas. Os agradecimentos ficaram com Debora. Dentre os muitos aplausos acalorados do auditório da ABI que ela conseguiu arrancar, um deles foi por conta das seguintes declarações: “Não se tem democracia sem conhecer o nosso passado, […] os nossos algozes ainda são os mesmos de antes (ditadura)”.
Além de Cícero Guedes, Regina Santos e do Movimento Mães de Maio (SP), outros homenageados da noite foram: Carlos Alexandre Azevedo (Em memória); Comissão Pastoral da Terra – Acre; Daniel Ribeiro Callado (Em memória); Divino Ferreira de Sousa (Em memória); Luiz Eduardo da Rocha Merlino (Em memória); Macarena Gelman; Octávio Brandão (Em memória); Patrícia de Oliveira da Silva; e Silvio Tendler.