O diretor do Instituto de Desenvolvimentos Estratégico do Setor de Energético (Ilumina) Roberto D’Araújo fez duras críticas às medidas provisórias 577 e 579, anunciadas pela presidenta Dilma Rousseff. Chamadas de “11 de setembro do setor elétrico” – em referência ao dia em que foram sancionadas – as MPs teriam o objetivo de reduzir a tarifa de energia elétrica. Roberto conversou com os engenheiros de Furnas na tarde desta quinta-feira (25), no Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC). Durante a palestra, ele questionou os números apresentados pelo governo e explicou que, da maneira como ela foi criada, vai reproduzir o apagão de 2001. “O racionamento brasileiro é recorde no mundo. Igual só teve país em guerra e desastre natural. Se isso não foi suficiente para acordar o Brasil de que nós somos um sistema completamente diferente dos outros, vamos rever a maneira como vamos organizar esse sistema”, disse Roberto,
“O erros dos dois governos foi se cercar de gente que conhece pouco o assunto. O governo Fernando Henrique deu um vexame no racionamento. Não se tem uma noção clara do risco que se corre. E esse é o grande medo. O medo de quando você se isola num grupo e não debate. O pior dessa medida toda é que não houve um debate, uma audiência”, critica Fábio Resende, ex-diretor de Furnas.
O diretor do Senge-RJ, Miguel Sampaio, engenheiro elétrico e funcionário de Furnas, lembrou que o debate sobre o modelo do setor elétrico já existe há muito tempo.
“O Senge está brigando por isso há muito tempo, mas tá faltando interlocutor nessa briga até por causa da complexidade do assunto. Eu vejo as palestras do Roberto D’Araújo só que, pela complexidade do assunto ninguém se envolve no assunto. Agora, a medida 579 está provocando todo mundo para a briga”, comentou Miguel.
O diretor também destacou que o setor elétrico ainda tem outros problemas que precisam ser avaliados.
“Eu vejo também outra coisa que vai estourar mais lá na frente: as tarifas de energia elétrica diferenciadas para o consumidor ao longo do dia. Ninguém está dando importância a isso. Mas isso vai ser uma briga que já está pegando em algumas localidades mais pobres, como Vigário Geral, onde eles estão fazendo experiências”, afirmou o engenheiro.