A incorporação de Furnas pela Eletrobras privatizada será tema de debate hoje, 14 de dezembro, a partir das 13h, na Comissão de Administração e Serviço Público, no plenário 8 da Câmara dos Deputados. Respondendo a uma forte resistência organizada pelos trabalhadores de Furnas, que vêm realizando atos no Rio e em Brasília, os deputados Rogério Correia (PT/MG) e Reimont (PT/RJ) convocaram a sessão com o objetivo de esclarecer os impactos da manobra para o Brasil. Clique aqui para ver a pauta.
A política de apagamento histórico é parte da estratégia da gestão privada do grupo Eletrobras, direcionada pelo fundo 3G Capital, dos bilionários da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. Embora possuam apenas 1,3% da empresa, o grupo vem ditando os rumos de um processo de transição de gestão definido pelos funcionários como autoritário e adoecedor.
A escolha de Furnas como a primeira empresa do grupo a ser totalmente incorporada tem um forte caráter simbólico e estratégico: uma das maiores subsidiárias do grupo, com um papel importante na história da construção do sistema elétrico brasileiro, a empresa tem até hoje uma forte capacidade organizativa entre os funcionários. Incorporar Furnas significa eliminar uma trincheira de resistência contra a entrega completa e irrestrita da geração e distribuição de energia à lógica especulativa.
O debate contará com exposições de Victor Rodrigues da Costa, diretor da Associação de Empregados de Furnas (Asef); Emerson Andrada Leite, coordenador geral do Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro-MG), Clarice Ferraz, diretora do Instituto Ilumina; Iury Paulino, Integrante da Plataforma Operária e Camponesa da Água e Energia e Renato Fernandes, Coordenador do Coletivo Nacional dos Eletricitários.
Ivan de Souza Monteiro, presidente da Eletrobras e representantes do Ministério de Minas e Energia foram convidados a compor a mesa, mas não comparecerão.
Estratégia para o avanço privatista
“Por trás dos argumentos corporativos de eficiência e sobreposição de funções está a prática já bastante conhecida de enxugar o quadro ao máximo e superexplorar os que ficam”, explica Felipe Ferreira Araújo, diretor do Sindicato dos Engenheiros no Rio de Janeiro – Senge RJ. Felipe integra o grupo que vem resistindo às investidas de uma diretoria que impõe mudanças de forma colonizadora, seguindo uma cartilha ideológica colocada acima de qualquer questão técnica ou de gestão responsável.
Criada para prover energia em quantidade e qualidade necessárias para o desenvolvimento da região sudeste do Brasil, Furnas está presente em 15 estados e no Distrito Federal. Considerada a “jóia da coroa” do sistema elétrico brasileiro, ela gera energia a partir de fontes hidrelétricas, gás natural, eólica e solar, com 22 hidrelétricas, duas termelétricas, um complexo com cinco parques eólicos, 35,201 km de linhas de transmissão e 72 subestações. Cerca de 40% da energia do país passa pela infraestrutura de Furnas.
Se aprovada na assembleia do próximo dia 29 de dezembro, toda essa história será colocada em um canto do Museu da Eletricidade e abrirá caminho para que o mesmo ocorra com as demais subsidiárias: Chesf, Eletronorte, CGT Eletrosul e Eletropar.
Senge RJ
Com informações da Câmara dos Deputados
Foto: Agência Câmara/Reprodução