Fonte: Instituto Telecom
Qual o papel de cada um e de cada instituição no atual, e gravíssimo, cenário brasileiro? Essa reflexão é urgente no momento em que a radicalização de posições tem levado ao crescimento do fascismo na sociedade brasileira.
Esse fenômeno, tratado pela filósofa Marcia Tiburi no livro “Como conversar com um fascista”, é assim descrito por ela:
“O genocídio indígena, o massacre racista e classista contra jovens negros e pobres na periferia das grandes cidades, a violência doméstica e o assassinato de mulheres, a homofobia, a manipulação das crianças, em palavras simples, o ódio ao outro cresce em uma sociedade em que está em jogo também o extermínio da política. (…) Podemos nos colocar a questão quanto ao risco do ódio se tornar estrutural, que venha dar base a todas nossas relações (…) É preciso humilhar e aviltar pessoas e populações evitando assim a realização da democracia que propõe uma sociedade inclusiva para todos.”
No Brasil atual o ódio e o autoritarismo andam juntos. Não conseguimos sequer ouvir uns aos outros e cada um se coloca como detentor da verdade. Qualquer um que fale algo diferente do que pensamos transforma-se em inimigo. Amizades construídas por vários anos são desfeitas da noite para o dia.
Esse clima foi forjado e é alimentado por uma mídia, autoproclamada imparcial, que instila ódio a cada momento de sua programação. Não importa se é no telejornal, na novela, no jogo de futebol, programa de entrevista ou humorístico. A todo instante as famílias que controlam a mídia brasileira mentem e incentivam a divisão da sociedade entre os “cidadãos de bem” e os “corruptos”, que destroem o país e merecem ser punidos sem qualquer julgamento.
Mas a construção de uma sociedade efetivamente democrática não pode ter como base o ódio e a intolerância. Em nome de uma pseudoverdade a humanidade enfrentou enormes tragédias. Um dos maiores exemplos foi o nazismo que, a partir de uma poderosa máquina de propaganda, impôs a ideia de que os judeus eram culpados por todas as mazelas sofridas pela sociedade alemã. A eleição de Hitler resultou no Holocausto. Dos nove milhões de judeus que residiam na Europa, dois terços foram mortos. Desse total, mais de um milhão eram crianças.
Com certeza não é este o caminho que queremos trilhar. A democracia e a inclusão social passam por cada um de nós repensarmos o nosso posicionamento individual. E mais do que nunca não aceitarmos ser manipulados por uma mídia historicamente golpista e excludente. Devemos insistir na democratização da mídia e na liberdade de expressão.
Pela democracia, por uma sociedade mais igualitária e inclusiva.
Instituto Telecom,
Terça-feira, 29 de março de 2016