Aconteceu, no dia 12/12, uma edição inaugural do programa ‘Engenharia & Desenvolvimento’, cujo objetivo é servir de instrumento do esforço para dar protagonismo à engenharia e aos engenheiros nos processos de formulação de ideias e planos que contribuam para o crescimento econômico, soberania nacional e bem-estar social. O programa contou com as presenças de Marcos Túlio de Melo – ex-presidente do CREA MG e do Confea -; Amaury Monteiro Jr – ex-candidato à presidência do Confea -; Francis Bogossian – ex-presidente da Academia Nacional de Engenharia -; Roberto Freire – presidente da FISENGE (Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros) -, Márcio Girão – presidente do Clube de Engenharia – e Alexandre Santos – presidente do Clube de Engenharia de Pernambuco.
O encontro foi motivado pelo recente resultado das eleições para o Sistema Confea/Crea. De acordo com Alexandre Santos, há a necessidade de organizar vozes discordantes que possam contrabalançar a voz obediente que foi recém-eleita. “Vimos figuras da extrema-direita pedindo votos para determinados candidatos que vão contra um projeto de país soberano. Lutamos pela altivez da engenharia e não podemos falar apenas para engenheiros, mas exercer protagonismo e influência junto a círculos decisórios do governo e formadores de opinião”, disse Alexandre.
Já o presidente da Fisenge, Roberto Freire, trouxe um exemplo recente que foi a posse de um advogado para a vice-presidência de Engenharia de Expansão da Eletrobras. “Sem tirar o mérito dos advogados, mas vocês acham que um engenheiro ocuparia a vice-presidência em um escritório jurídico? Essa função é estratégica, que é a expansão da engenharia no Sistema Elétrico brasileiro que foi entregue ao mercado financeiro. Vimos São Paulo às escuras, porque ENEL não deu conta e não dará. O mercado está para ganhar dinheiro e não cumprir uma função social e, por isso, lutamos pela reestatização da Eletrobras. Precisamos de protagonismo da engenharia”, pontuou Freire que ainda apontou: “O protagonismo que procuramos é fora da institucionalidade. Já tivemos o ‘Pensar o Brasil’, no Confea; o ‘Cresce Brasil’ com FNE; o ‘SOS Brasil Soberano’ com a Fisenge e o Senge-RJ; o retorno do Conselho das Cidades. Temos muitas frentes, mas não é suficiente. Depois dessas eleições do Sistema, há menos esperança. Mas o que fazemos? Criar um grupo “Prerrogativas” da Engenharia, como fizeram os advogados progressistas? A Fisenge estará sempre pronta e à disposição dos engenheiros que quiserem encampar a luta pela soberania para tirar o Brasil dessa armadilha de país agroexportador e dependente tecnologicamente desde a primeira República”, destacou Freire.
Amaury Monteiro, que foi candidato à presidência do Confea, reafirmou o mote “O desenvolvimento desse país depende da engenharia, da agronomia e das geociências”. “Temos uma tarefa grande que é manter viva essa ideia por meio das nossas entidades, movimentos e pessoas representativas, com objetivo de formar uma Frente que acumule força para dialogar com governo e apoiar um plano de desenvolvimento desse país. Precisamos de um plano de trabalho nos próximos 3 anos e temos muito a fazer. Não podemos atuar em parcelas e precisamos de um programa único”, explicou.
Marcos Túlio, que foi presidente Confea e do Crea-MG, pontuou os desafios para a constituição de uma Frente: “Para a construção desse projeto de desenvolvimento é preciso defender a democracia, a soberania e a justiça social, além de garantir a nossa participação na formulação de políticas públicas nos municípios, estados e na União com conhecimento técnico que temos para oferecer à sociedade”, enfatizou. Marcos Túlio ainda destacou a importância da incorporação da juventude da engenharia para revitalizar esse processo. “O Brasil possui um programa “Mais médicos” extremamente exitoso. Temos a Defensoria Pública na área do Direito, mas e a engenharia pública? Não existe e precisamos oferecer alternativas e popularizar a engenharia na sociedade”, propôs.
Francis Bogossian, que foi presidente do Clube de Engenharia, afirmou que uma nação não pode prescindir do seu desenvolvimento. “Vimos, recentemente, uma perseguição às empresas de engenharia. Grandes empresas já concorriam fora do Brasil foram fechadas e levaram consigo as médias empresas que prestavam o serviço. Foi uma devastação”, lembrou.
Ao final, as lideranças pactuaram a necessidade de uma frente da engenharia com uma agenda pública que dialogue com o governo federal e a sociedade.
Fonte e foto: Fisenge