Livro sobre história do gás natural no Brasil gera debate sobre privatização

Evento contou com a presença de Antonio Gerson, autor do livro, e Guilherme Estrella, ex-diretor da Petrobrás

Na última sexta-feira (10), o SENGE-RJ promoveu um debate para lançar o livro “Gás natural no Brasil: uma história de muitos erros e poucos acertos”, escrito por Antonio Gerson, ex-presidente do Sindicato. O evento foi mediado pelo diretor Victor Marchesini, engenheiro na Petrobrás, e contou com a presença de Guilherme Estrella, geólogo responsável pela descoberta e início da exploração do pré-sal.

“O livro do Gerson mostra o que são as privatizações e as consequências desse processo”, afirmou o presidente do SENGE-RJ, Olímpio Alves dos Santos, na abertura do evento.

Para Victor Marchesini, a obra é um estudo que mistura dois aspectos fundamentais: a parte técnica e a parte política da privatização.

“É um livro que desperta muita indignação na nossa história recente. O leilão da CEG (Companhia Estadual de Gás, do Rio de Janeiro) foi realizado em 1997, passando por cima da Constituição, das leis estaduais, provocando acidentes. É para nos indignarmos e partirmos para a ação”, defende Victor.

 

O erro da privatização

A história de 163 anos de gás canalizado no Brasil é permeada de erros e acertos na sua exploração e distribuição. Gerson conta, no livro, que o objetivo inicial no uso do gás era apenas a iluminação. No entanto, com o tempo, foram descobertas outras formas de uso. Ao longo de todos esses anos, o que se observou foi uma disputa política pelo controle do gás. Segundo Gerson, a privatização, em 1997, foi feita de maneira irregular, contrariando a Constituição. Além disso, às vésperas da privatização, a tarifa foi aumentada.

“O argumento é sempre o mesmo: acabar com o monopólio. No entanto, não vão ter duas tubulações de duas empresas para o consumidor escolher. É um monopólio. E o que vemos depois da privatização é o elevado valor da tarifa, pouca expansão no sistema e má qualidade do serviço”, critica Gerson.

Guilherme Estrella, que durante o debate contou como foi o processo de descoberta do pré-sal e as tentativas de manter a exploração sob responsabilidade da Petrobrás – incentivando a engenharia e a soberania nacional – afirma que o livro de Antonio Gerson reflete o caos que vivemos hoje.

“Estamos vivendo uma noite de horror. Isso tem na sua essência a onda neoliberal que varreu o mundo e tem como objetivo se apropriar das riquezas naturais do Brasil. Hoje temos condições, no conjunto de energia, de construir um plano estratégico de país. Esse caos é resultado da falta de planejamento de um Estado. Energia é questão de soberania nacional”, defende Estrella.

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