Mobilização na EPE mostra a força do trabalhador e da trabalhadora organizados

Nos últimos meses, a mobilização dos trabalhadores e trabalhadoras da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) cresce em torno das pautas do Acordo Coletivo de Trabalho 2025/2026. Na última semana, essa luta chegou à ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Ester Dweck, que recebeu os representantes da Comissão de Empregados após evento com a presença do presidente da empresa.

A Avenida Presidente Vargas e a Igreja da Candelária tornaram-se cenário da mobilização que, em poucos meses, se ampliou e se consolidou como prova concreta da força dos trabalhadores organizados em seus sindicatos. A reunião com a ministra ocorreu durante o segundo dia de uma greve de 72 horas, marcada por forte adesão e assembleias diárias em frente à sede da empresa.

Aqueles três dias de greve representaram mais do que corredores vazios: expressaram uma história de resistência que se arrasta desde o início do ano, quando as pautas de reivindicações foram enviadas pela primeira vez à diretoria da empresa. Antes das paralisações presenciais, houve meses de assembleias remotas, organizadas pelo Senge RJ (Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro), Sintergia RJ (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Energia do Rio de Janeiro e Região), Sinaerj (Sindicato dos Administradores no Estado do Rio de Janeiro) e Sindecon RJ (Sindicato dos Economistas do Estado do Rio de Janeiro). Quatro categorias, uma mesma luta: um acordo digno para todos os empregados e empregadas da EPE.

O que deveria ser simples — porque é justo — tornou-se um desafio. Os trabalhadores exigem o que lhes é de direito: a recomposição das perdas acumuladas desde maio de 2014. Os cálculos apontam 16% de defasagem salarial, 15% no auxílio alimentação e 58% no auxílio saúde. Apesar disso, a empresa tem se mostrado intransigente e lenta nas negociações.

Em ofício conjunto datado de 4 de setembro, o presidente do Senge RJ, Clóvis Nascimento, destacou a morosidade e a insuficiência das propostas apresentadas — todas, até agora, rejeitadas em assembleia por não atenderem à pauta aprovada pelos empregados ainda em março.

Em setembro, um grande ato em frente à sede da empresa marcou o início do Estado de Greve. No dia 17, ocorreu a primeira paralisação de advertência, com 24 horas de duração e adesão unânime. Cerca de 100 trabalhadores e trabalhadoras se reuniram na porta da empresa, enquanto os que estavam em teletrabalho também suspenderam suas atividades. Naquele dia, a categoria decidiu coletivamente que os 4% de reajuste propostos pela empresa estavam muito aquém das perdas salariais acumuladas.

As negociações seguintes não trouxeram avanços concretos. Diante disso, novos períodos de greve foram deflagrados no final de setembro e início de outubro. Sempre que pararam, os trabalhadores e trabalhadoras se reuniram, deliberaram e mantiveram firme o rumo da luta coletiva.

A primeira proposta formal da empresa chegou apenas em 7 de outubro. No dia seguinte, mesmo sob chuva, os trabalhadores organizaram um café da manhã solidário em frente à empresa, arrecadando alimentos para doação à Congregação Espírita Francisco de Paula — um gesto que simbolizou a união e a consciência social, coletiva, que movem as lutas dos trabalhadores.

Cientes da legitimidade de suas reivindicações, os sindicatos comunicaram à diretoria que a assembleia considera essencial uma reunião direta com a direção da EPE, para que as propostas possam finalmente avançar — tanto no campo econômico quanto no social. Até o momento, a empresa mantém sua oferta em 4%, desconsiderando perdas salariais em 11 anos sem reajuste. E a luta segue firme, justa e consciente.

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