Nota da Fisenge repudia misoginia e machismo de deputado

O Coletivo de Mulheres da Federaçâo Interestadual de Sindicatos de Engenheiros critica postagem de parlamentar que, segundo a entidade, expressa "violação de direitos humanos contra as mulheres e violência de gênero".

Fonte: Coletivo de Mulheres da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge)

“Na tarde de hoje (4/2), o deputado federal Eduardo Bolsonaro publicou declarações machistas e misóginas sobre as políticas de inclusão das mulheres na engenharia. Isso porque a empresa Acciona – que integra a concessionária responsável pelas obras da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo, onde uma cratera se abriu na Marginal Tietê após o asfalto ter cedido – defende políticas de diversidade no local de trabalho. O deputado afirmou que “‘Procuro sempre contratar mulheres’, mas por qual motivo?’ Homem é pior engenheiro? Quando a meritocracia dá espaço para uma ideologia sem comprovação científica o resultado não costuma ser o melhor. Escolha sempre o melhor profissional, independente da sua cor, sexo, etnia e etc”.

Além de expressar violação de direitos humanos contra as mulheres e violência de gênero, o parlamentar ainda justifica uma suposta “meritocracia” a partir de “comprovação científica”. Tal declaração é, no mínimo, contraditória com a política negacionista anticiência e de cortes no orçamento em tecnologia e pesquisa implementada pelo governo federal que atinge toda a engenharia e provoca desemprego, desindustrialização e recessão econômica.

O Coletivo de Mulheres da Fisenge (Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros) atua desde 2005, pautando políticas de gênero no movimento sindical e destacamos o trabalho essencial de engenheiras como: Aida Espinola: engenheira química que chefiou o laboratório que explorou o primeiro poço de petróleo no Brasil; Ana Primavesi: engenheira agrônoma responsável por avanços no campo de estudo das ciências do solo em geral, em especial o manejo ecológico do solo. Foi também fundadora da Associação da Agricultura Orgânica (AAO), uma das primeiras associações de produtores orgânicos do Brasil; Enedina Alves Marques: primeira engenheira negra do Brasil que se formou em Engenharia Civil em 1945 pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) e construiu a maior hidrelétrica subterrânea do sul do país (Usina Capivari-Cachoeira), contribuindo para a soberania energética; Veridiana Victoria Rossetti, primeira engenheira agrônoma formada pela Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo, em 1937, e reconhecida como uma das maiores pesquisadoras no mundo em doenças que atingem a citricultura.

Nós, engenheiras do Coletivo de Mulheres da Fisenge, repudiamos as declarações misóginas e machistas do deputado federal Eduardo Bolsonaro e afirmamos o nosso compromisso com a construção de um Brasil justo, solidário e soberano. Por fim, convidamos a sociedade brasileira a conhecer as histórias em quadrinhos da Engenheira Eugenia que, pedagogicamente, trazem situações pelas quais muitas de nós, mulheres, passamos no mercado de trabalho, nas ruas, na política, na universidade e em nossas casas. E é por entender que a luta por direitos das mulheres faz avançar toda uma sociedade que seguiremos organizadas em todos os espaços. Vai ter mulher na engenharia, SIM!”

Coletivo de Mulheres da Fisenge (Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros)

 

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