Matéria assinada pelo jornalista Eduardo Vasconcelos informa que o Grupo TIM (antiga Telecom Italia), controlador da TIM Brasil, está “reinventando o orelhão”. Como?
De acordo com a matéria, “com design modernizado, as instalações devem fornecer variados serviços aos cidadãos, como acesso a informações turísticas e dicas de entretenimento. Também será possível emitir bilhetes de transporte público, chamar um táxi e fazer uma reserva em um restaurante, além de recarregar a bateria do smartphone. Nesta nova roupagem, a função primordial da cabine telefônica não foi esquecida: será possível fazer chamadas gratuitas para números nacionais fixos e móveis”.
Também haverá um botão nas estações inteligentes, por meio do qual mulheres poderão pedir socorro quando se sentirem em uma situação de risco.
O projeto começará por Milão, na Itália. E no Brasil?
Lamentavelmente, as operadoras conseguiram criar uma quase unanimidade em relação ao telefone público, visto como obsoleto, um instrumento que ninguém utiliza. Com isso, sucatearam toda a rede de orelhões (TPs), implantada basicamente com recursos públicos. E a Anatel não fiscaliza e nem coloca alternativas para a modernização dessas estações.
Há dez anos, a coordenadora do Proteste, Maria Inês, já contestava a desculpa das operadoras, de que não havia interesse dos consumidores em utilizar o serviço.
Dizia ela, em 2014: “Parte disso é possível atribuir à falta de manutenção dos aparelhos. Se eles estão obsoletos, é porque não trocaram. Se não estão adequados, é porque não houve investimento”.
Nós, do Instituto Telecom, há muito tempo defendemos que boa parte da rede de telefones públicos, hoje quase totalmente destruída, poderia se transformar em excelentes hotspot (ponto de acesso à internet). Ou seja: um orelhão wi-fi. Agora temos o exemplo de modernização da planta de telefones públicos na Itália.
A Lei Geral de Telecomunicações, no artigo 19, inciso XXXII, estabelece a obrigação da Anatel reavaliar, periodicamente, a regulamentação para adequá-la à evolução tecnológica. Mais uma vez, a agência de telecomunicações não cumpre com suas obrigações e ainda quer ser a reguladora das plataformas digitais.
Lamentável.
Instituto Telecom, Terça-feira, 17 de outubro de 2023
Marcello Miranda, especialista em Telecom