Fórum pela Retomada da Indústria Naval divulga nota de apoio à Transpetro

O documento é assinado por 15 entidades do setor, entre sindicatos da CTB e da CUT, CRT e FUP. A estatal anunciou a formação de um grupo de trabalho para estudar um plano para voltar a contratar no Brasil a construção de embarcações.

O Fórum pela Retomada da Indústria Naval e Offshore, formado por 15 entidades do segmento, divulgou nota em apoio à Transpetro. A empresa foi alvo de críticas da imprensa, após anunciar a formação de um grupo de trabalho para estudar a demanda, a capacidade dos estaleiros e os custos, para voltar a contratar no Brasil a construção de embarcações.

“Não se pode considerar razoável que predomine sobre todos os demais o ‘interesse dos acionistas’”, afirma o documento do Fórum, referindo-se ao discurso que prega a importação de navios e plataformas da Ásia, em nome da maximização dos lucros da Petrobras, da qual a Transpetro é subsidiária. “Em nome dessa casta — os acionistas — tão imprecisa quanto volátil, é inaceitável que se abra mão de uma indústria naval brasileira, crucial para a integração do território, para a logística (inclusive nos avanços da transformação digital) e para a segurança.”

Entre os  signatários da nota estão sindicatos de trabalhadores ligados à CTB e à CUT,  e também a CRT, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e associações patronais. “Os ataques da mídia à Transpetro e à proposta do governo de retomar encomendas que poderão reerguer a indústria naval do país; as críticas ao fim da política de paridade internacional nos preços de combustível da Petrobras; os juros altos praticados pelo Banco Central; a piora nos serviços públicos privatizados e o desequilíbrio financeiro das concessionárias privadas; o aumento da fome e da exclusão social; a deterioração da saúde… tudo isso se integra em uma visão de mundo rentista, ultra liberal e autoritária”, afirmam. “Não por acaso aquela mesma que perdeu as eleições – mas parece que a imprensa ainda não percebeu.”

O Fórum pela Retomada da Indústria Naval e Offshore foi criado em 2022 e está sendo reativado para lançamento oficial ainda neste primeiro semestre. (Saiba mais:https://www.sengerj.org.br/posts/sindicatos-da-ctb-cut-e-a-fup-se-reunem-para-preparar-relancamento-do-forum-do-setor-naval)
(Foto: RS, 2013 – Divulgação/Ministério do Planejamento) 
Faça aqui o downlad do documento, também reproduzido abaixo, na íntegra:

É bom lembrar: foi a proposta de reindustrialização que ganhou as eleições
Nota do Fórum pela Retomada da Indústria Naval, em apoio à Transpetro e ao projeto de reindustrialização do país.

 

Os esforços do governo federal para promover a reindustrialização do país, gerar empregos, combater a fome, têm provocado a reação furiosa do sistema financeiro, expressa por meio de seu porta-voz histórico, a chamada mídia hegemônica. O Fórum pela Retomada da Indústria Naval e Offshore, formado por 15 entidades do setor, repudia a ofensiva de natureza antinacional e inconsequente, na expectativa de que a união das forças democráticas resista a mais essa tentativa de sequestro do bem público e do respeito à vontade popular.

Os alvos dos ataques mais recentes feitos pela imprensa são a Transpetro e o setor naval, devido à sua importância e capacidade estratégica de incidir sobre ampla cadeia produtiva. Junto com a Petrobras, pode fazer girar a roda da economia, da capacitação e da autonomia tecnológica, dos investimentos, em efeito cascata e com benefícios para toda a sociedade brasileira. São empresas e segmentos chaves no resgate de um projeto soberano de país.

Esse cenário de recuperação não interessa à mídia financiada pelas corporações nem àqueles setores que, num país tão desigual, aceitam viver de renda – aristocratas em um baile dos tempos do Império. O que querem os grandes grupos jornalísticos e os rentistas? Querem que o governo Lula traia sua plataforma de campanha eleitoral e deixe blindados os ganhos obtidos pelos rentistas às custas da soberania nacional e da pauperização do povo brasileiro. Querem a manutenção da política – derrotada nas urnas – que privilegia os acionistas da Petrobras e de demais empresas relevantes para o país, em detrimento do interesse público.

Os jornais, colunistas, pseudo especialistas que temem um programa de construção de navios no país, com investimento local e mão de obra brasileira, sabem perfeitamente que temos disponíveis pessoal e infraestrutura mais do que capacitados para dar conta da demanda. Estão aí as grandes embarcações e plataformas offshore feitas no Brasil, quando o setor naval chegou a ter mais de 80 mil empregos, além dos programas da Marinha para desenvolvimento de submarinos, parte dele em curso no estaleiro de Itaguaí (RJ), e para construção de fragatas e corvetas, em Itajaí (SC). Seria insistir num crime de lesa-pátria ignorar os recursos do Fundo da Marinha Mercante, constituído por impostos pagos pelos brasileiros, que são destinados especificamente a financiar a construção de embarcações.

Não se pode considerar razoável que predomine sobre todos os demais o “interesse dos acionistas”. Em nome dessa casta — os acionistas — tão imprecisa quanto volátil, é inaceitável que se abra mão de uma indústria naval brasileira, crucial para a integração do território, para a logística (inclusive nos avanços da transformação digital) e para a segurança. Ou, ainda, de novo para satisfação dos acionistas, que se pratique uma política de preços de combustível – com impacto sobre todos os segmentos econômicos –, voltada apenas à maximização de lucros.

É um padrão de captura da governança brasileira, nos últimos anos, com resultados desastrosos. Faz sentido, por exemplo, a Light, um mês antes de contratar a consultoria para reestruturar a dívida que a levaria ao pedido de recuperação judicial, ter distribuído R$ 94 milhões em dividendos a seus acionistas, conforme matéria da Folha de S. Paulo (20/4/2023)?

Os ataques da mídia à Transpetro e à proposta do governo de retomar encomendas que poderão reerguer a indústria naval do país; as críticas ao fim da política de paridade internacional nos preços de combustível da Petrobras; os juros altos praticados pelo Banco Central; a piora nos serviços públicos privatizados e o desequilíbrio financeiro das concessionárias privadas; o aumento da fome e da exclusão social; a deterioração da saúde… tudo isso se integra em uma visão de mundo rentista, ultra liberal e autoritária. Não por acaso aquela mesma que perdeu as eleições – mas parece que a imprensa ainda não percebeu.

Fórum pela Retomada da Indústria Naval e Offshore 

 

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