A Conferência Livre Estadual de Meio Ambiente e Agricultura (Clemaarj 2022) acontece neste sábado (25), das 8h às 18h, no Teatro Oscar Niemeyer, em Niterói. Com cerca de 400 inscritos, o evento é uma realização coletiva de 150 entidades, entre elas o Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ), o Fórum Estadual de Engenheiros Agrônomos (Feea-RJ), o Crea-RJ/CMA, do Observatório Nacional do Direito à Água e ao Saneamento (Ondas), CUT-RJ, APSERJ, Abio, Aprogeo-RJ, Ecocidade/Apedema-RJ, Baía Viva, Defensores do Planeta, Fetagri-RJ e Sindsprev.
“Ainda sob o choque do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, no Vale do Javari, da Amazônia, é importantíssimo reunir tantas instituições envolvidas com a questão ambiental e com a agroecologia, para construirmos juntos uma resposta a esse cenário de retrocessos e violência”, afirma Jorge Antônio, diretor do Senge RJ e um dos coordenadores da Clemaarj 2022. “Vamos formular propostas, organizar a resistência, estabelecer prioridades e articulações que façam o movimento avançar.”
O oceanógrafo Edmir Amanajás, à frente da apresentação sobre gestão costeira e unidades de conservação, de ascendência indígena, fará uma manifestação pública em homenagem aos dois mártires na luta ambiental e dos direitos humanos nos territórios indígenas, mortos na Amazônia.
No site da conferência (clemaarj.org) estão disponíveis os documentos básicos dos temas que serão discutidos na parte da manhã. A proposta é construir material de referência consistente sobre cada aspecto abordado, e depois sintetizar os conteúdos na Carta da Clemaarj, cuja redação final será debatida durante a plenária prevista para logo após o almoço, às 14h30, antes da cerimônia de encerramento, marcada para às 17h30. A recepção do evento começa às 8h, com atividade cultural às 9h, e, às 10h, início das conferências temáticas.
O resultado dos trabalhos será encaminhado a formuladores de políticas e candidatos em campanha, como forma de pressionar por projetos efetivos que barrem as ameaças ao meio ambiente e à agroecologia, permitindo avanços na área, especialmente no combate à insegurança alimentar.
Os impactos da covid-19 e da necessidade de distanciamento social estão na pauta de vários eixos. A socióloga Ofélia Pereira Ferraz, diretora-coordenadora da Associação Profissional dos Sociólogos do Estado do Rio de Janeiro (Apserj) e doutoranda em Educação, coordena duas conferências temáticas: mulheres e meio ambiente; e educação ambiental e cultura. Ela explica que o documento base do tema “mulheres e meio ambiente” alerta para o fato de que “a pandemia afetou principalmente as mulheres, donas de casa, trabalhadoras que tiveram que ficar com seus filhos no isolamento, muitas que perderam o emprego e passaram ou passam fome”. O material que vai ser apresentado enfatiza, ainda, as sugestões para amparo das mulheres em situação de cárcere.
Nos últimos dois anos, afirma Ofélia, houve perdas também na educação ambiental, que terá apresentação da ambientalista Jacqueline Guerreiro, professora e mestre em História. “Tínhamos seis escolas trabalhando conosco, afetadas pela pandemia e pela reforma do Ensino Médico, que mexeu com os horários dos professores e com a grade das disciplinas. Agora, há apenas uma, no Leblon, a CE Andre Maurois, cuja professora estará presente com seus alunos no ato ambiental.”
A Clemaarj 2022, diz a socióloga, “é um coletivo social que tem a finalidade de não deixar que os assuntos ligados à preservação da natureza e à sociedade caiam no esquecimento.” Visa mobilizar a sociedade para debater a governança, a fragilização da gestão ambiental pública do Rio de Janeiro e do país, os ataques à legislação vigente. Aborda, de forma descentralizada, as demandas ambientais das diversas regiões, com a realização de pré-Conferências livres, que, durante a pandemia, aconteceram de forma virtual e estão publicadas no site. Durante a conferência de sábado, além da conclusão da Carta da Clemaarj, serão votadas moções propostas pelos participantes, marcando o posicionamento dos seus signatários contra os retrocessos ambientais em curso no país e no estado do Rio de Janeiro.
Segundo Ofélia, a Conferência nasceu em 2019 como reação à falta de governança do Estado em relação à natureza, saneamento básico, clima, entre outros pontos, reunindo ativistas e entidades que atuam no setor. Mais recentemente, seus participantes empenharam-se para impedir a derrubada da floresta do Camboatá, e estão neste momento dedicados aos programas da Rio+30 e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU. “Temos que fazer com que a sociedade entenda a importância de uma economia que não seja tão desagregadora, em defesa de uma economia solidária e do bem-estar, bem diferente do capitalismo selvagem que estamos vivendo atualmente.”
Produtores do Fórum Municipal de Economia Solidária estarão presentes à Conferência, comercializando artesanato e outros produtos. Camisetas do evento podem ser reservadas no site, vendidas também no evento por R$ 40,00.
Estrutura e orientações para o evento
. Pré-conferências temáticas
As 16 mesas temáticas vão cobrir os seguintes temas: 1. água e saneamento, com apresentação do engenheiro sanitarista Alexandre Pessoa, professor-pesquisador da EPSJV/Fiocruz; 2. resíduos sólidos, com Natália Gomes, do Inea, mestre em Cidadania Ambiental e especialista em Direito Público e em Administração Pública; 3. agricultura e agroecologia, com Ezaquiel Siqueira, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e do Comasb de Magé (RJ); 4. agricultura urbana, com a engenheira agrônoma Fabiana Fróes, da Ação da Cidadania; 5. energia e meio ambiente, com Antonio Neiva, do Senge RJ, do Cepel e do Movimento Baía Viva; 6. dívida pública, com Paulo Lindesay, técnico de informações geográficas e estatística na Fundação IBGE; 7. mudanças climáticas, com Alexandre Pessoa (Fiocruz); 8. gestão costeira e 9. unidades de conservação, com o oceanógrafo Edmir Amanajás; 10. juventude, com o estudante de Engenharia Ambiental Vinicius Fugimoto; 11. esportes e meio ambiente, com a velejadora Andrea Soffiatti; 12. educação ambiental e cultura, com a ambientalista Jacqueline Guerreiro, professora e mestre em História; 13. mulheres e meio ambiente, com Ofélia Ferraz, da coordenação de Assuntos Científicos e Culturais da Associação Profissional dos Sociólogos do Estado do Rio de Janeiro (APSERJ); 14. resistência contra os retrocessos, com Andrea Matos do Ondas e da CUT-RJ; 15. cannabis medicinal, com Marilene Oliveira, da Associação Brasileira de Acesso à Cannabis Medicinal do Estado do Rio de Janeiro (Abrario); 16. justiça ambiental, com José Miguel, da Ecocidade, que integra a Assembleia Permanente de Entidades de Defesa do Meio Ambiente do Estado do RJ (Apedema RJ).
. Alimentação e Café Solidário
O Fórum de Economia Solidária de Niterói vai oferecer alguns lanches no local: doces, tortas e sucos. Próximo ao Teatro há outras opções, no Terminal Rodoviário e no shopping. Os organizadores estão sugerindo a realização de um Café Solidário: que puder leva seu próprio pão (ou compra próximo) e mais um para ser doado, e sua sua própria caneca, para reduzir o volume de resíduos, além de uma garrafa de café, uma caixa de suco ou leite, pacotes de biscoitos, margarina ou copo de geleia, entre outros itens para o desjejum.
. Vacinação
Atestados de vacinação são exigência do Teatro Oscar Niemeyer, da Prefeitura de Niterói, e serão pedidos na entrada.
CLEMAARJ 2022
- 25 de junho de 2022
- 8h30 às 18h
- Teatro Oscar Niemeyer
R. Jorn. Rogério Coelho Neto, s/n, Centro, Niterói
(ao lado da Estação das Barcas, atravessando o Terminal Rodoviário)
site: clemaarj.org
