Privatização da Eletrobras e demissões apagaram o Brasil

Danos à prestação de serviço graças a demissões de quadros técnicos experientes vinham sendo alertados pelos movimentos de trabalhadores do sistema elétrico desde a privatização da empresa.

No dia que um apagão atingiu todos os estados do Brasil, exceto Roraima (que não está no Sistema Interligado Nacional), aconteceria o Eletrobras Day. O evento iria apresentar para os empregados da empresa os investimentos para 2023-2027, mas uma tempestade perfeita obrigou o cancelamento. Em apenas dois dias, o presidente Wilson Ferreira Júnior renunciou e o país inteiro apagou.

Após o reacender das luzes, enquanto as causas são apuradas e o debate sobre a privatização da Eletrobras toma o cenário nacional, entre os movimentos dos trabalhadores e trabalhadoras do sistema elétrico, a sensação é de déjà vu. Desde a privatização da maior empresa do sistema elétrico da América Latina, foram sucessivos alertas sobre o impacto das demissões, a toque de caixa, de quadros técnicos experientes e capacitados.

Quando o Brasil apagou, os sindicatos já haviam pedido a suspensão dos desligamentos para o governo de transição, em dezembro de 2022 e para diferentes instâncias do Governo a partir de janeiro. Em 20 de julho, o Ministério de Minas e Energia chegou a solicitar à Eletrobras que avaliasse a interrupção das demissões de profissionais qualificados, bem como seu reflexo para a prestação de serviços. Ainda não houve resposta.

O Coletivo Nacional dos Eletricitários tem, nos últimos meses, relatado uma gestão que, pelo medo e pressão das incertezas, vem levando a um alarmante registro de casos de depressão, síndrome do pânico e atentados contra a própria vida. A administração da empresa vem apostando na sobrecarga sobre o quadro técnico, no descumprimento de regras de segurança e, consequentemente, nos acidentes de trabalho. Subiu a remuneração do alto escalão em até 3.000%. Diminuem, sistematicamente, salários e benefícios das trabalhadoras e trabalhadores.

O boletim do coletivo Nacional dos Eletricitários de terça-feira (15) destaca a urgência de um pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre a ADI 7.385, para que o Estado possa atuar nos atos de gestão da empresa. A reestatização da Eletrobras – a exemplo de tantos casos similares em países como a França, que vêm retirando seus serviços essenciais das mãos do mercado financeiro –, segue fora dos debates sobre o apagão na imprensa tradicional, mas como principal bandeira de luta dos movimentos de trabalhadores do setor elétrico.

Confira o boletim do CNE:

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Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

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