Nos dias 29 e 30 de agosto foi realizada a 13ª Plenária Estadual da CUT-RIO, que reuniu delegados de sindicatos cutistas do estado para analisar a conjuntura e atualizar o plano de lutas da Central Única dos Trabalhadores. Mais de 200 trabalhadores participaram presencialmente e de forma remota dos debates sobre a valorização das negociações coletivas, o fortalecimento dos sindicatos e a defesa da democracia e da soberania nacional. A análise de conjuntura ficou a cargo de Paulo Jagger, do Dieese.
O Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ) foi representado pelos diretores Felipe Araújo, Jorge Antônio da Silva, Alexandre Mosca Cunha e Marco Aurélio Moreira, que contribuíram com a análise de conjuntura. Eles destacaram a importância da reestatização da Eletrobras e a urgência de reverter o apagão da engenharia para viabilizar a reindustrialização nacional com soberania.
Durante a análise dos textos-base que serão levados à plenária nacional, em São Paulo, foram lidos e votados os eixos e emendas. Nesse momento, o diretor de Negociações Coletivas do Senge RJ, Felipe Araújo, apresentou uma moção conjunta com o Sintergia RJ, apoiada também por um texto-base encaminhado por Tiago Vergara, do Sinergia-SC.
A moção aprovada denuncia a privatização da Eletrobras pelo governo Bolsonaro, realizada por meio de um modelo inédito de diluição acionária que entregou o controle da empresa ao mercado financeiro. Desde então, a Eletrobras deixou de cumprir seu papel estratégico de garantir energia acessível e universal, passando a atuar exclusivamente em favor do lucro dos grandes grupos financeiros. O resultado é o aumento estrutural das tarifas, a ameaça de apagões, a precarização do setor nuclear e a perda de um instrumento essencial para a transição energética e a reindustrialização do país. Paralelamente, trabalhadores enfrentam demissões em massa, condições desumanas e maior risco de acidentes, enquanto a população paga mais caro na conta de luz e sofre com a pressão inflacionária que afeta toda a economia nacional.
Veja abaixo a moção aprovada na assembleia:
APRESENTAÇÃO DE MOÇÃO DE APOIO
A Eletrobras, maior empresa de energia elétrica da América Latina, foi privatizada no governo Bolsonaro, por meio de uma capitalização, tendo sido entregue ao mercado financeiro. É importante notar que o modelo de privatização executado na Eletrobras, baseado na diluição de ações e na entrega do controle acionário à iniciativa privada, foi implementado pela primeira vez na história do país nesta privatização.
Desde então, a Eletrobras visa somente lucro e não mais a prestação de serviço para o povo brasileiro. Após este precedente, este mesmo modelo já foi imposto a outras empresas públicas recentemente privatizadas, como a COPEL e a SABESP. Além disso, há um risco imenso de que este modelo seja utilizado, caso ocorra uma mudança no governo Federal por um partido político privatista, para empresas que tenham capital aberto, como a Petrobras, por exemplo.
A Eletrobras privatizada abandona os conceitos de modicidade tarifária, a universalização do acesso e a garantia do fornecimento de energia elétrica no Brasil. A intensa financeirização do setor, negligenciando a segurança e operação das instalações estrategicamente importantes, configura ameaça ao acesso popular à energia, riscos de apagões e inviabilidade de um projeto de reindustrialização.
A Eletrobras, neste momento histórico, seria um importante instrumento nas mãos do governo para a Transição Energética, mas capturada pelo mercado financeiro, inviabiliza esta possibilidade.
Após a privatização da Eletrobras, temos vivenciado um aumento na conta de luz dos brasileiros por conta da descotização dos empreendimentos. Esta privatização acarreta um aumento estrutural na conta de luz da população, o que tem sido objeto de denúncias de reajustes tarifários, como no estado do Pará. Este cenário significa um verdadeiro mecanismo de expropriação de renda da classe trabalhadora, fazendo com que o povo pague o lucro dos grandes grupos financeiros na sua conta de luz e na inflação generalizada dos produtos e serviços que utilizam a energia elétrica com insumo, sendo um ponto central. Este aumento do custo energético manterá a pressão inflacionária no país, o que, por sua vez, pressiona a manutenção da alta de juros.
Posteriormente, para fechar um acordo do atual governo com a Eletrobras, fez-se a saída da empresa de todos os investimentos da Eletronuclear, sendo estopim de um processo de precarização do projeto nuclear brasileiro.
Considerando a conjuntura internacional e do clamor por Soberania, não resta outro caminho, pensando em Soberania Energética Brasileira, que não seja a reestatização da Eletrobras e a retomada e fortalecimento do Setor Elétrico pelo Estado Brasileiro, para que possa cumprir com o papel de prestar serviço de qualidade, com modicidade tarifária, com universalização do acesso e fazendo esse papel importante dentro da Transição Energética e reindustrialização do País.
Os trabalhadores da Eletrobras, desde a preparação para a privatização, enfrentam um processo de demissão em massa das pessoas que trabalham na empresa, de um quadro técnico especializado difícil de formar. As lutas em defesa dos trabalhadores de Furnas, por exemplo, datam de décadas. Hoje temos um número recorde de problemas operacionais e de acidentes de trabalho, levando a acidentes fatais, que não aconteciam na Eletrobras pública. A condição das pessoas que trabalham hoje na Eletrobras privatizada é desumana e vai contra todos os princípios das entidades que defendem a Classe Trabalhadora no Brasil.
Com informações da CUT