SENGE-RJ exibe o filme “Topografia de um desnudo”

Diretora e produtora do filme participaram de debate ao lado do vereador Reimont

O SENGE-RJ recebeu, nesta quarta-feira (02), a diretora e a produtora do filme “Topografia de um desnudo”. Teresa Aguiar e Ariane Porto, respectivamente, participaram de um debate ao lado do Vereador Reimont, da defensora pública Carla Beatriz Nunes Maia e de representantes de entidades que ajudam moradores em situação de rua, como a Associação Solidários Amigos de Betânia.

O filme conta a história da “operação mata-mendigos”, que ocorreu no início da década de 60. O episódio aconteceu no Rio de Janeiro e culminou na morte de vários moradores de rua, que eram presos por policiais militares, torturados e depois jogados nos rios Guandu e da Guarda. Pesquisadores ligam o fato a uma espécie de treinamento precedendo o golpe militar. No entanto, o consenso é que se tratou de uma limpeza social ligada à visita da Rainha Elizabeth ao Brasil. Foi a primeira vez que foi uma realizada uma operação dessa natureza com a participação de membros dos poderes instituídos.  Com o golpe de 64, os processos foram arquivados e a história apagada.

“Lutamos muito para fazer esse filme. Se não fosse a tenacidade da Teresa, essa história não poderia ser contada”, conta a produtora Ariane Porto, que também atua no filme.

O diretor do SENGE-RJ Miguel Sampaio participou da abertura do evento e lembrou o caso dos moradores de rua que foram queimados na Tijuca, no dia 11 de novembro.

“Isso aconteceu porque vivemos em uma sociedade doente, que vê o outro como nada. Pouco mudou desde a década de 60, mas hoje temos a internet, onde é possível dar visibilidade para os casos. Temos que lutar por políticas públicas de qualidade, como educação, moradia e mobilidade, que é um assunto muito trabalhado pelo SENGE-RJ”, afirmou Miguel.

Os moradores de rua que participaram do evento descreveram as situações de humilhação e medo que passam todos os dias. Eles contaram que um dos lugares mais seguros para se dormir é na marquise em frente à Defensoria Pública, por ser um local com câmeras.

“As abordagens da polícia são racistas. O choque de ordem é um dos nossos maiores desafios”, conta Maciel Silva dos Santos. “O filme mostra os flagrantes cotidianos. Muitas vezes nós contamos e as pessoas não acreditam”.

“O grande caminho é o processo de conscientização para que a população tenha outro olhar. O filme lança luz para nós pensarmos que não queremos que o que aconteceu no filme se repita”, disse Reimont.

Além disso, Reimont agradeceu o espaço do SENGE-RJ:

“Um sindicato que se estabelece para provocar uma mudança faz isso que o SENGE-RJ faz”, disse ele.

 

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