Por Viviane Romero
Representantes do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ) participaram, na última sexta-feira (01/05), da entrega dos certificados de conclusão da obra do empreendimento imobiliário Cooperativa Esperança, na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá. Coordenado pelo Movimento União Nacional por Moradia Popular (UNMP), este foi o primeiro Projeto de Mutirão no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida – Entidades no Rio de Janeiro. Setenta famílias foram beneficiadas e vão se tornar proprietárias de suas casas através de um contrato coletivo.
“O Senge-RJ sempre apoia movimentos populares. Com a UNMP, em especial, temos ajudado viabilizando a participação em eventos e abrindo as portas do sindicato para reuniões. Para nós é importante ver o resultado desse movimento, ver que ele alcançou seu objetivo. Mostra que o sindicato fez certo quando resolveu colaborar. Esse é o Brasil que deu certo!”, declarou o engenheiro Luiz Antônio Cosenza, um dos representantes do Senge-RJ.
O coordenador do UNMP Cláudio da Silva Pereira explicou que as casas foram construídas em sistema de mutirão e autogestão. O empreendimento teve 95% de subsídio do Programa Minha Casa, Minha Vida – Entidades, que suporta iniciativas de habitação popular autogestionadas a preços acessíveis e que estejam associadas com organizações não governamentais. Cada residência custou R$ 42 mil, e os moradores terão até 10 anos para pagar.
“É uma alegria muito grande ver essas casas prontas, ver que tudo deu certo. É gratificante ver que uma pessoa que antes morava em uma área de risco ou em um lugar impróprio realizou seu sonho da residência própria”, disse Pereira.
Para o coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP) Marcelo Braga Edmundo, a finalização das obras do empreendimento imobiliário Cooperativa Esperança mostra a força da organização popular. Ele ressaltou que é preciso dar visibilidade a essa conquista.
“Acompanhei toda a caminhada dessas 70 famílias. Foram 15 anos de resistência, e, finalmente, essas casas estão de pé. Isso mostra que o povo, com luta e perseverança, pode construir a sua história de forma concreta. Todo mundo tem que conhecer essa experiência, pois evidencia que realmente tem como se organizar e moldar o nosso destino”, enfatizou Braga, explicando que projeto semelhante está sendo realizado no bairro da Gamboa, no Centro.
Casas: cooperação mútua e dedicação
No modelo de autogestão os recursos disponíveis para a construção das moradias são repassados diretamente para entidades formadas pelos próprios moradores e movimentos sociais, que têm a possibilidade de administrar toda a obra desde a elaboração do projeto. No empreendimento imobiliário Cooperativa Esperança boa parte da obra foi executada pelos futuros moradores, em sistema de mutirão, o que barateou as construções.
Cerca de 80% da força de trabalho dos mutirões foi composta de mulheres. A agente comunitária Neide Belém Matos, de 54 anos, é uma integrante do grupo. Ela conta que participou de todos os processos de construção e teve que aprender a lidar com material de obra.
“No começo não sabia a diferença de uma maqueta e de uma furadeira. Mas com o tempo comecei a aprender a fazer cada coisinha, umas bem, outras nem tanto. Assim o sonho foi sendo realizado. Passamos de uma proposta para uma realidade. Isso aqui não é uma casa, é um troféu. Agora é só entrar e ser feliz”, comemorou a agente comunitária, que vai morar com o filho de 14 anos.
A auxiliar de serviços gerais Marlene dos Santos Lopes também colocou a mão na massa. Ela exercia a função de tesoureira da Cooperativa Esperança e nos finais de semana trabalhava na obra.
“Tinha que examinar todas as cotações, liberar o dinheiro, fazer as contas. Foi muito cansativo, mas valeu a pena. Hoje, vendo a minha casa, tenho a certeza que tudo aconteceu da maneira certa. Minha família vai ser muito feliz aqui”, desabafou.
Para o futuro a Cooperativa Esperança pretende construir um centro comunitário. O local servirá de ponto de encontro para reuniões e entretenimento.
O Programa
O Programa Habitacional Popular – Entidades – Minha Casa, Minha Vida objetiva tornar acessível à moradia para a população cuja renda familiar mensal bruta não ultrapasse a R$ 1.600,00 (mil e seiscentos reais), organizadas em cooperativas habitacionais ou mistas, associações e demais entidades privadas sem fins lucrativos visando a produção e aquisição de novas habitações.
O Programa atende pessoas físicas por meio de concessão de crédito com desconto variável de acordo com a sua capacidade de pagamento, sujeitos ao pagamento de prestações mensais, pelo prazo de 10 anos, correspondentes a 10% da renda familiar mensal bruta do beneficiário, ou R$ 50,00, o que for maior.