Como já era esperado, a segunda posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos da América foi um evento dedicado a retrocessos, radicalismos e a um discurso profundamente imperialista e fascista. Com a presença dos donos e CEOs das principais Big Techs e redes sociais do mundo, que juntos tem uma fortuna maior que o PIB de 175 países, o evento consolidou o populismo empresarial, que deu o tom da campanha vitoriosa, e a instauração do ideal nazifascista no governo de uma das maiores potências bélicas do planeta.
Um dos momentos que melhor sintetizam o caráter nazifascista do novo governo norteamericano foi protagonizado pelo bilionário Elon Musk, forte correligionário de Trump, membro do movimento Make America Great Again (MAGA) e futuro responsável pelo Departamento de Eficiência: Musk fez a saudação nazista ‘sieg heil’ três vezes durante seu discurso em evento paralelo à posse presidencial.
Promessas de um império fascista
No seu discurso de posse, Trump anunciou o início de uma “era de ouro da América”. Entre os eixos formalizados pela Casa Branca para o novo governo estão “a volta dos valores americanos”, transformar os EUA na “energia dominante novamente”, “fazer os EUA seguros novamente” e “drenar o pântano”.
Na prática, o eixo centrado na segurança do país está relacionado à perseguição a imigrantes, a retomada da construção do muro na fronteira com o México e uma grande ação de deportação de imigrantes. O encerramento das políticas ambientais, voltadas para a transição energética, consideradas “extremismo climático”, também estão na mira do novo governo. Programas voltados para a energia limpa serão encerrados.
Por “drenar o pântano”, o governo Trump se refere a medidas como o retorno dos servidores federais ao expediente presencial, o “combate à censura inconstitucional do Governo Federal” e o fim das ações de governo contra a extrema-direita. Por fim, o governo elenca entre as suas prioridades o combate ao que chama de “ideologia radical de gênero” e a tomada simbólica de prédios, monumentos e marcos geográficos, como o Golfo do México, renomeado por decreto como “Golfo da América”. O presidente norte-americano também renomeou um monte no Canadá.
O viés nazifascista foi além dos discursos: após a posse, Trump assinou seus primeiros atos executivos: foram 42 Ordens Executivas,115 Atos Pessoais e 200 Ações Executivas que formalizaram os primeiros passos na direção dos planos fascistas que passaram a ser políticas de Estado na américa do norte.
Entre os atos e ordens executivas estavam o perdão presidencial para 1.500 acusados pelo ataque ao Capitólio em 06 de janeiro de 2021, o abandono do Acordo de Paris, a retirada dos EUA da Organização Mundial da Saúde (OMS), a revogação das políticas de inclusão e diversidade, o incentivo à exploração de combustíveis fósseis. Trump também revogou a decisão de Biden de tirar Cuba da lista de patrocinadores do terrorismo.
Perguntado sobre as relações dos EUA com o Brasil e a América Latina, Trump respondeu: “Serão ótimas. Eles precisam muito mais de nós do que nós precisamos dele. Na verdade, não precisamos deles. O mundo todo precisa de nós”.
Apostando na apropriação de símbolos para causar confusão, o fim do discurso da cerimônia de posse no ginásio Capital One Arena, em Washington, foi fechado por um show da banda Village People, enquanto Trump dançava ao fundo. A música YMCA, usada repetidas vezes durante comícios do republicano, ficou famosa no final da década de 70 como um hino da comunidade LGBTQIA+, a mesma que Trump promete perseguir.
Texto: Rodrigo Mariano/Senge RJ (com informações do Manhã Brasil) | Imagem:RawPixel/CC 2.0