Com tristeza e saudade, o Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ) se despede de Silvio Tendler, um histórico companheiro de lutas e amigo deste sindicato e de seus dirigentes.
Na última década, tivemos a alegria de tê-lo ao nosso lado em projetos que, como tudo a que Tendler se dedicava, partiam de um olhar crítico e popular para registrar a história de um país sequestrado por interesses alheios às necessidades de seus cidadãos e cidadãs.
Sob sua direção, o Senge RJ e a Fisenge viram ganhar forma três produções audiovisuais que marcaram nossa história: A Distopia do Capital (2014), O Dedo na Ferida (2017) e A Bolsa ou a Vida (2021). Nesta trajetória comum, tivemos a honra de contar com sua direção humanista, sua presença cativante e sua militância incansável.
Mais que as necessárias denúncias ao sistema financeiro que se apropria da riqueza do nosso povo para enriquecer o grande capital, às privatizações que golpeiam nossa soberania e à farsa do neoliberalismo como promessa de bem-estar, construímos com Silvio a utopia de um Brasil mais justo e menos desigual. Uma utopia possível apenas pela luta popular, capaz de realizar o destino do país pelas mãos de trabalhadores e trabalhadoras, pelo esperançar coletivo.
Neste processo, marcado pelo registro documental da verdadeira história brasileira, nutrimos uma profunda amizade, firmada na arte como ferramenta de libertação, reconquista da soberania e promoção do bem viver. “Silvio foi mais que um cineasta brasileiro do mais alto gabarito: era um amigo pessoal de muitos de nós, um grande companheiro de lutas. A notícia da sua partida nos causa enorme consternação”, destaca Clovis Nascimento, presidente do Senge RJ.
Agora, enquanto Tendler alcança o panteão dos grandes brasileiros que dedicaram a vida ao país — na arte, na academia, na política institucional e nos movimentos sociais —, o Senge RJ celebra seu legado inestimável para a compreensão das forças que movem a história do Brasil e da resistência democrática nos séculos XX e XXI.
Faremos ecoar, sempre, a memória de um amigo querido que descansa após tantos anos de militância intransigente por sua — nossa — utopia. Seguirá conosco hoje e sempre na memória, nas telas, na luta, no coração.
Silvio Tendler, eternamente presente!