Fonte: Brasil de Fato
Mesmo com o pagamento dos salários dos meses de maio, junho e julho, feito durante o mês de agosto, a situação dos servidores públicos do estado do Rio de Janeiro ainda não está resolvida. Além do governo estadual não ter quitado 13º salário de 2016 de boa parte do funcionalismo público e o mês de agosto ter sido pago apenas para quem recebe até R$ 2.744 líquidos, os seguidos atrasos e parcelamentos bagunçaram a vida financeira dos servidores.
Muitos servidores tiveram que pagar grandes multas por conta dos atrasos no pagamento das contas, outros recorreram a empréstimos ou mesmo ficaram com o nome “sujo”. A professora aposentada Márcia Deister, 58 anos, está enfrentou uma situação ainda mais complicada. Ela pegou três empréstimos consignados, aqueles que são descontados na folha de pagamento, e teve também o valor abatido direto da sua conta corrente.
“Além de não receber ainda estava sendo lesada dessa maneira. Isso aconteceu muitas vezes. Fui no banco e reclamei. Restituíram meu dinheiro em conta mas colocaram meu nome no SPC e Serasa como se eu não estivesse pagando. Pararam de descontar esse dinheiro no contracheque . Então quer dizer, enrolaram minha vida toda fiquei com meu nome sujo por uma coisa que eu não fiz nada de errado”, explica.
Márcia contratou um advogado e entrou com um processo na Justiça contra o banco, mas ainda não sabe como vai terminar. O banco está exigindo que ela pague de uma só vez todo o dinheiro que pegou como empréstimo.
“Isso é um absurdo. Não tem outro meio de eu agir. E eles não querem conversa não. Acham que eu tenho que pagar e acabou. Como vou pagar tudo de uma vez só se não estou nem recebendo? Na situação que o Brasil está, todos os nossos direitos estão sendo roubados e ainda fazem isso com a gente. É para desmoronar a gente mesmo. Tem muitos com depressão, muita gente debilitada. É uma situação muito humilhante chegar a esse ponto se ter nenhuma participação nisso”, desabafa.
Servidores que se sentirem lesados devem procurar a defensoria pública
A história de Márcia não é particular. Assim como ela, muitos servidores se sentiram lesados nos últimos meses por conta dos atrasos e parcelamentos dos salários feitos pelo governo do estado. De acordo com Patrícia Cardoso, coordenadora do Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon) da Defensoria Pública do Rio, o atendimento do núcleo dobrou nos últimos meses por conta da crise no estado do Rio.
A defensora ainda afirma que a maioria dos processos movidos com a auxílio do Nudecom tem como objetivo impedir o corte de serviços essenciais, como água e luz, para os funcionários públicos que não estão recebendo em dia, além dos que tiveram empréstimos consignados descontados em conta corrente.
“É muito triste tudo o que está acontecendo. Não temos solução para todos os problemas, mas estamos trabalhando para garantir que aqueles que estão se sentido lesados possam ser atendidos pela defensoria pública. Quem precisar de atendimento é só ligar para 129 e receber as instruções”, conclui.