Sob gritos de “Glauber fica” e “Sem anistia”, nova diretoria do Senge RJ é empossada em noite de celebração

Em uma noite de casa cheia, encontros afetuosos e planos de luta para os próximos anos, tomaram posse os novos diretores do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ).

Com a presença de sindicalistas, parlamentares, importantes nomes do movimento associativo das engenharias e companheiros de luta das últimas quatro décadas, o Senge RJ celebrou, na noite de 25 de abril, o início de mais uma gestão comprometida com o povo trabalhador, com a soberania nacional e com o enfrentamento às desigualdades e ao avanço da extrema-direita no Brasil e no mundo.

Quando a solenidade foi iniciada, já não havia espaço para entrar no auditório. Mesas lotadas dividiam o espaço com o público que acompanhava o evento de pé em todo o auditório, hall e recepção do 17º andar do histórico Edifício São Borja, na Cinelândia.

O local que, após a redemocratização do país, viu nascer sindicatos de diferentes categorias profissionais, partidos, importantes centrais sindicais e intersindicais, movimentos sociais e lutas que impulsionaram a conquista de direitos e o fortalecimento da democracia, a nova diretoria foi empossada para liderar as lutas de engenheiros, engenheiras, geólogos, agrônomos, geógrafos e demais profissionais das geociências no Rio de Janeiro até 2028.

O presidente cessante e novo diretor de Comunicação, Olímpio Alves dos Santos, entregou oficialmente a presidência, relembrando suas gestões e a história daqueles e daquelas que construíram ao seu lado o Senge RJ. “Neste espaço, vivemos vitórias e também derrotas. Perdemos companheiros queridos pelo caminho. Foram momentos de dor que passaram, mas a saudade ficou. Eles fazem parte da nossa história e alimentam nossa vontade de viver e batalhar”, disse.

Olímpio também destacou o papel do sindicato dentro da rede progressista e democrática que insiste em construir um país mais atento aos interesses de seu povo: “A engenharia deve ser instrumento de construção da soberania do país, ou não seremos donos do nosso destino. Essa é uma tarefa que perseguimos, como povo, há quase um século: desde a proposta da Aliança Nacional Libertadora, nas Reformas de Base propostas por Jango, no texto da Constituição de 1988 — tão mutilada a partir do governo FHC. Seguiremos nessa luta, fazendo da engenharia uma ferramenta para o desenvolvimento e para a superação das desigualdades. Lutaremos não apenas pela engenharia, mas pelos interesses de toda a sociedade”, discursou.

Um novo Brasil

Clovis Nascimento, novo presidente do Senge RJ, declarou estar ciente da responsabilidade que assume e relembrou os últimos anos de atuação do ex-presidente e companheiro de lutas: “A história do Senge RJ começou em 1931, com a sua fundação, mas viveu uma nova fase em 1980, quando foi refundado por um grupo de jovens engenheiros liderados pelo companheiro Jorge Bittar. Ali se iniciou um processo de transformação no sindicato, que passou a atuar definitivamente na luta por um país mais justo e igualitário — um novo Brasil. Lá estavam eu, Olímpio, Agamenon, entre outros. Agradeço ao Olímpio pelos anos de dedicação a esta casa. Ele deixa seu nome marcado na nossa história, sem dúvida nenhuma”.

Clovis também destacou a importância de um trabalho conjunto com as entidades que representam a engenharia no Rio de Janeiro, como a SEAERJ, o Clube de Engenharia e o CREA RJ: “Não tenho dúvida de que, sempre que possível, marcharemos juntos para contribuir na reconstrução deste país, que recuou um século desde o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. Nós vamos reconstruir este país. Convocamos todos e todas a se somarem a nós nesta luta por um Brasil mais justo, mais igualitário — um país do qual possamos nos orgulhar”.

O presidente anunciou a renovação do projeto SOS Brasil Soberano, reforçando a contribuição do sindicato para a engenharia e a democracia brasileiras. Clovis encerrou o discurso com um chamado à luta: “Reitero nosso apoio irrestrito ao companheiro Glauber Braga e nosso completo repúdio a qualquer tentativa de anistia para golpistas”.

Os gritos da plateia — “Glauber fica!” e “Sem anistia!” — fecharam a solenidade.

Tomaram posse ao final da solenidade, Clovis Francisco do Nascimento Filho, como presidente; Jorge Saraiva da Rocha, como vice-presidente; Giovani Moreira, diretor de Administração e Finanças; Agamenon Rodrigues Eufrásio de Oliveira, Diretor da Secretaria Geral; Paulo Cesar Nayfeld Granja, Diretor de Assuntos Jurídicos; Felipe Ferreira de Araújo, Diretor de Negociações; e Olímpio Alves dos Santos, Diretor de Comunicação. Também foram empossados os suplentes Nei Rodrigues Beserra, Marco Aurélio Ribeiro Gonçalves Moreira, Gunter de Moura Angelkorte, Roberto Ricardo de Araújo Góes, Ana Cristina Braga Maia e Alexander Polasek.

Parcerias pela engenharia e pelo Brasil

“Eu sou um frequentador deste sindicato, que tem um simbolismo muito forte. Defender uma engenharia forte é defender a soberania nacional. A luta é grande, mas eu acredito: vamos conseguir construir um projeto de um Brasil mais justo. Vamos vencer a extrema-direita. Contem sempre com a nossa parceria”, declarou Lindbergh Farias. O deputado federal lembrou a importância do Senge RJ na defesa da democracia, da Petrobras como instrumento de desenvolvimento nacional, da política nacional de Conteúdo Local e da retomada da Indústria Naval, entre outras lutas.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foi representado por duas parlamentares: a deputada estadual Marina do MST e a vereadora Maíra do MST. “Vocês assumem a responsabilidade de dirigir este sindicato, tão fundamental para dar respostas e soluções para as muitas crises que atravessamos, em um momento muito importante para o Rio de Janeiro, para o Brasil e para o mundo. Agradeço, em nome do maior movimento de luta pela Reforma Agrária da América Latina, a parceria histórica do Senge RJ com o MST, na política, na organização e na construção de um projeto popular de desenvolvimento para o país”, discursou Marina.

Maíra destacou a histórica atuação do Senge RJ junto às lutas dos movimentos sociais por cidades mais justas, igualitárias, com transporte e habitação de qualidade e serviços garantidos a todos e todas.

O presidente do CREA RJ, Miguel Fernandez y Fernandez, relembrou sua vivência no sindicato: “Quando negociei pelos direitos dos trabalhadores da Cedae, fui forjado por este sindicato. Hoje, presido o CREA RJ e fico feliz em prestigiar a posse de Clovis, último presidente do Rio de Janeiro na ABES Nacional. O CREA RJ está à disposição para ajudar o importante trabalho que o sindicato realiza em defesa dos profissionais da engenharia, da agronomia e das geociências”.

Também estiveram presentes na celebração Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF); Waldeck Carneiro da Silva, professor da Faculdade de Educação da UFF, coordenador do Fórum de Educação do Rio de Janeiro e ex-deputado estadual; Roberto Freire, presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge); Guilherme Estrella, ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobrás; Márcio Ellery Girão Barroso, ex-presidente e conselheiro do Clube de Engenharia; Gladice Diniz, representante do Fórum Engenheiros pela Democracia;  Leonardo Légora, presidente do Sindicato dos Farmacêuticos do Estado do Rio de Janeiro (SINFAERJ) e presidente do Conselho Estadual de Saúde do Rio de Janeiro; Rita Matos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); Neide Aparecida dos Santos, presidente do Sindicato dos Engenheiros de Volta Redonda (Senge VR); Simone Baía, diretora da Mulher da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (FISENGE); Fátima Lima, coordenadora do Fórum de Educação do Partido dos Trabalhadores (PT), entre outros.

 

Texto: Rodrigo Mariano/Senge RJ | Fotos: Claudionor Santana

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