Soberania em Debate: Ciência, tecnologia e inovação são os motores do desenvolvimento sustentável

Luiz Antonio Elias fala sobre os desafios e oportunidades na área da ciência, tecnologia e inovação, impulsionadoras fundamentais para um reposicionamento do Brasil na economia global

O desenvolvimento científico é ponto fundamental para a reconstrução do Brasil, um país que, desde o resgate das gestões neoliberal de Temer e fascista de Bolsonaro, recuperou o rumo da conquista de sua soberania efetiva. 

Ele vem sendo prioridade do governo Lula 3 para a reconstrução das bases necessárias para uma reindustrialização em moldes sustentáveis e modernos. Os desafios são enormes e exigem um trabalho marcado pela transversalidade e cooperação de diferentes áreas e instâncias. O entrevistado do Soberania em Debate de 08 de agosto, Luiz Antonio Elias falou sobre as oportunidades e desafios que o atual cenário impõe. 

Economista, Elias é pesquisador titular aposentado do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) e integrou a coordenação da equipe de transição do Governo Lula/Alckmin na área de ciência, tecnologia e inovação. Coordenador do NAPP-CT&I do Centro de altos Estudos da Fundação Perseu Abramo, ele levou para entrevista, também, as informações da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que definiu estratégias e prioridades para o avanço nacional no setor nos próximos dez anos.

Segundo Elias, o momento é mesmo de desafios e oportunidades. Ele aponta que a terceira revolução industrial veio com grandes esforços empreendidos por países como Estados Unidos e Japão em recursos para a retomada de suas políticas industriais, incluindo posicionamentos protecionistas para garantir seu espaço na concorrência nas cadeias globais de valor. Disputam com a China, que com o forte desenvolvimento das últimas décadas, se colocou entre as principais peças deste complexo quebra-cabeças. 

“Temos algumas vantagens no Brasil. Na área do petróleo, principalmente na exploração em águas profundas, o Brasil está na fronteira da tecnologia com a Petrobras, graças aos investimentos feitos no Cenpes nas últimas décadas. A Embraer, com insumos, equipamentos e máquinas na área da aeronáutica, também se destaca. Temos, ainda, um grande avanço na área da proteína animal. Somos um dos maiores exportadores do planeta. Mas o fato é que estamos atrasados em relação ao resto do mundo”, destaca o economista.

Segundo Elias, há brechas e assimetrias de competitividade que colocam o Brasil em uma posição delicada que exige ação, planejamento e forte apoio institucional para ser superada. Ele destaca que a concentração do desenvolvimento tecnológico em grandes corporações internacionais, na velocidade com que são desenvolvidas e implementadas, é um grande desafio. Nos moldes em que está se dando esse desenvolvimento, o Brasil precisa fazer esforços para emparelhar a sua economia e, em especial, o seu conhecimento científico com o que está acontecendo no mundo. Mais que nunca, olhar para áreas estratégicas é fundamental para que o país tenha a soberania necessária para interferir nessas cadeias globais, especialmente nos processos de desenvolvimento.

“Ainda temos uma baixa diversidade produtiva. Nos concentramos em especializações como mineração e agricultura. Os setores de alta tecnologia estão sempre convivendo, com os de baixa tecnologia, em subsistência à precarização do trabalho, o que diminui a produtividade e uma institucionalidade inadequada”, relata Elias.

Entre os desafios, ele destaca a construção de uma economia de baixo carbono voltada para a transição ecológica e energética de forma efetiva, as mudanças que a transição digital trarão para o mundo do trabalho e a necessidade da ampliação da formação de Recursos Humanos e da capacidade da infraestrutura científica. 

“Há um projeto em curso com a Nova Indústria Brasil (NIB). Ele traz seis proposições políticas para longo prazo, com foco em cadeias produtivas para: mais produção, mais verde, mais exportação, mais inovação, mais qualidade no emprego e mais políticas para o desenvolvimento local. É um processo sistêmico, que pensa o Estado, as proposições e as grandes transformações do Brasil. Ele olha para o adensamento tecnológico das grandes cadeias produtivas brasileiras, estabelece regras para que possamos dar dimensão à formação de recursos humanos, à infraestrutura científica e ao processo inovativo no Brasil”, contou o entrevistado.

O programa Soberania em Debate, projeto do SOS Brasil Soberano, do Sindicato dos Engenheiros no Rio de Janeiro (Senge RJ), é transmitido ao vivo pelo YouTube, todas as quintas-feiras, às 16h. A apresentação é da jornalista Beth Costa e do cientista social e advogado Jorge Folena, com assessorias técnica e de imprensa de Felipe Varanda e Lidia Pena, respectivamente. Design e mídias sociais são de Ana Terra. O programa também pode ser assistido pela TVT aos sábados, às 17h e à meia noite de domingo.

Rodrigo Mariano/Senge RJ | Foto: Reprodução/YouTube

 

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