O Armazém do Campo, espaço por onde passam os produtos da terra, frutos da luta pela reforma agrária do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), lotou na última sexta-feira (18) com a presença de parlamentares de todo o país, lideranças de movimentos da sociedade civil e dos trabalhadores do campo e da cidade em grande ato em solidariedade às parlamentares que vêm sendo perseguidas pela extrema direita, vítimas de uma estratégia de ataques machistas e misóginos que acontecem tanto em plenário, quanto nas ruas.
O ato foi chamado após ataques verbais e físicos sofridos pela deputada estadual Marina do MST, em Lumiar, Nova Friburgo, no último dia 12/08. A passagem da parlamentar pela cidade é parte do trabalho de prestação de contas de seu mandato: as Plenárias Territoriais, que já passaram por 10 municípios do Rio, têm como objetivo apresentar o trabalho realizado na Alerj e escutar os coletivos e movimentos de diferentes territórios do estado. A atividade foi detectada por um grupo de bolsonaristas da cidade que, organizados, foram até a praça onde ela acontecia e, com empurrões, chutes, garrafas e latas, tentaram impedir a sua realização. Após os ataques, a atividade aconteceu dentro do Departamento de Policiamento Ostensivo.
Certa de que a luta não admite intimidação, Marina, acompanhada de lideranças da sociedade civil, voltará à mesma praça onde foi hostilizada, em Lumiar, no próximo domingo, 27 de agosto, para ato em defesa da democracia.
Em discurso em nome do Senge RJ e das entidades da agronomia nacional, Jorge Antônio Cacá destacou a importância de manter a vigilância e não retroceder neste momento de reconstrução democrática do país. “Defendemos a democracia. Estamos aqui não apenas prestando solidariedade à nossa companheira Marina, mas também a todas as parlamentares e lideranças que são perseguidas em todo o país. Queremos registrar nossa solidariedade e informar que nossa mobilização continua, é permanente. Temos que reunir todos os partidos de esquerda para, juntos, estarmos vigilantes e reativos contra esses atos criminosos”, destacou Jorge. “Vamos levar todas as nossas lideranças para Lumiar porque não existe dono de território. Temos que ocupar esses espaços na defesa da democracia”, finalizou.
Jorge também registrou o brutal assassinato de Mãe Bernadete Pacífico, na noite anterior, dentro do Quilombo Comunidade de Pitanga de Palmares, em Simôes Filho, na região metropolitana de Salvador. A líder quilombola é mais uma vítima das disputas pela terra e da intolerância religiosa.
Além do violento ataque sofrido por Marina, o ato repudiou os episódios de machismo e misoginia que deputadas vêm sofrendo nos últimos meses. Estiveram presentes e receberam o apoio das lideranças as parlamentares Erika Kokay, Talíria Petrone, Samia Bonfim, Fernanda Melchiona, Elika Takimoto, Verônica Lima, Renata Souza, Mônica Cunha, Luciana Boiteaux e Benny Briolly. O ato contou, ainda, com a presença de Lindbergh Farias, Reimont, Glauber Braga, Tarcísio Motta, Chico Alencar, Professor Josemar, Edson Santos, Tiago Santana e de Marinete Franco, representando a ministra Anielle Franco e a sempre presente Marielle.