25/08/2015
Os trabalhadores da Eletronuclear, reunidos em assembleia ontem (24) se posicionaram contra a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho apresentada pela Eletrobras na terceira rodada de negociação, que aconteceu no dia 19, em Brasília. A proposta consiste em reajuste salarial e de benefícios de 8,17%, relativos ao IPCA de maio, entrando em vigor em setembro sem retroatividade. A empresa propõe ainda que o ACT tenha validade de dois anos.
O Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (SENGE-RJ) endossa negação à proposta, conforme explica Gunter Angelkorte, diretor de negociações coletivas do Senge. “A Eletrobras quer que os trabalhadores abram mão dos reajustes de quatro meses. Isso não tem cabimento”. A proposta, para ele, está muito aquém das necessidades da categoria. “Além do absurdo de querer passar por cima de quatro meses do reajuste, a proposta não apresenta ganho real, e os benefícios foram medidos com base no IPCA, quando deveriam levar em conta índices específicos.”
A assembleia encaminhou a realização de um abraço à empresa e a criação de uma carta aberta sobre a negociação com a Eletronuclear e os contratos referentes a Angra 3. Além disso, foi aprovado o indicativo de paralisação de 72 horas, entre os dias 31 de agosto e 2 de setembro, com faixa, manifestações e atividades. Gunter Angelkorte reforça a necessidade de uma grande mobilização dos trabalhadores durante os três dias. “É fundamental que as pessoas venham para a empresa e usem esse tempo para mobilizar a categoria e abordar outros problemas internos”.
O posicionamento será levado para a próxima reunião da rodada de negociação com a Eletrobras, que acontecerá nesta quinta-feira (27), no Rio de Janeiro. Em seguida, na sexta-feira (28), os trabalhadores da Eletronuclear se reunirão novamente em assembleia em frente à empresa pra fazer o balanço da reunião e deliberar sobre os próximos passos para o movimento.
Não à privatização!
A Companhia Energética de Goiás (CELG) foi incluída, em maio, no Programa Nacional de Desestatização (PND), e será a primeira distribuidora da Eletrobras a ser privatizada. Na reunião com o secretário geral Luiz Eduardo Barata, o Coletivo Nacional dos Eletricitários reforçou o posicionamento da categoria, que é contra a privatização. Na ocasião, o secretário não se posicionou sobre a intenção de privatizar as distribuidoras de energia de Alagoas, Piauí, Roraima, Manaus, Acre e Rondônia. O Senge-RJ solicitou uma nova reunião, reforçando a necessidade de dialogar diretamente com o ministro. A assembleia dos trabalhadores da Eletronuclear aprovou que o movimento pode recorrer também a parlamentares dispostos a debater o assunto e fortalecer a luta contra as privatizações.
Gunter ressalta a contradição do governo ao implementar esse tipo de projeto. “O Partido dos Trabalhadores é historicamente contra privatizações. Os principais debates que antecederam as eleições de Lula e Dilma foram claros nesse sentido. Não podemos aceitar que, uma vez eleito, o governo ponha justamente esse modelo em prática”.
O diretor avalia também que, embora o movimento conte com muita adesão da categoria, ainda precisa avançar e levar o debate a toda a sociedade. “Precisamos conquistar mentes e corações fora do setor, para mostrar as consequencias terríveis da privatização para a economia e para os próprios trabalhadores.”