Fonte: Instituto Telecom
Pela sexta vez, em seis anos, a Oi troca de presidente. Sai Bayard Gontijo e entra Marco Schoreder. Deve ser o recorde de troca de presidente entre concessionárias de serviços de telecomunicações. Sem nenhuma explicação, apenas um comunicado formal ao mercado.
E daí? Não é uma empresa privada? As mudanças não são normais?
O problema é que cada presidente que entra apresenta um plano mirabolante, nunca realizado. Gontijo falou num “plano desafiador”, e o que vimos foi o aumento da dívida da empresa e a demissão de cerca de três mil trabalhadores. A Oi já disse que seria a grande operadora nacional ao adquirir a Brasil Telecom. Já disse que cresceria com a vinda da Portugal Telecom. Blefou ao se anunciar como o grande participante do Plano Nacional de Banda Larga.
A impostura da Oi, como se vê, vem de longa data. E quem sempre paga a conta é a sociedade e os trabalhadores.
A dívida da empresa é de cerca de R$ 60 bilhões. O que explica uma empresa inserida num setor estratégico não conseguir tirar o pé da lama? O setor de telecomunicações no Brasil, exceto a Oi e sua parceira Contax, vai muito bem obrigado. É só olhar os balanços da Telefônica e do Grupo Claro. Ou seja, tudo leva crer que a incompetência e as disputas entre acionistas estão afundando a Oi.
O mais estranho nesta última saída, é que Gontijo estava discutindo a renegociação da dívida. Há uma clara disputa de executivos ou acionistas, que nunca colocam o bem público em destaque. Por exemplo, o grupo encabeçado pela Pharol, ex-Portugal Telecom. Ele continua no Conselho da Oi, mas, parece que não estava gostando da forma como a renegociação da dívida estava sendo encaminhada. Teria receio de perder poder.
A situação da Oi é realmente de caos. Muitos participantes do mercado indicam que a empresa não teria alternativa a não ser entrar com um pedido de recuperação judicial. Com isso, se protegeria dos credores, ficaria sem linha de crédito, venderia ativos para pagar suas dívidas, viveria apenas com o seu caixa.
A Oi possui 25% do mercado de banda larga fixa brasileira, cerca de 18% da telefonia celular e 17 mil empregados em todo o país. Quais as implicações para a empresa se escolhesse realmente a recuperação judicial?
O Instituto Telecom já demonstrou inúmeras vezes preocupação com os caminhos escolhidos pela administração da Oi. Desta vez a situação é mais grave. Quando uma empresa desse porte está prestes a afundar, quais as consequências para a universalização da banda larga no Brasil?
Mais uma vez está demonstrado, na prática, que deixar esse serviço apenas nas mãos do mercado poderá levar as telecomunicações brasileiras ao caos. E essa perspectiva torna ainda mais imprescindível o debate sobre a banda larga em regime público.
Instituto Telecom, Terça-feira, 14 de junho de 2016