Uma nova República: Olímpio dos Santos, diretor do Senge RJ propõe Conferência do Povo Brasileiro para refundar o país

Em entrevista ao canal "Jorge Folena - Pensando o Brasil e o Mundo", Olímpio Alves dos Santos denuncia as elites entreguistas e convoca o Brasil a retomar seu destino de soberania, justiça e desenvolvimento

Em entrevista ao advogado Jorge Folena, no canal Pensando o Brasil e o Mundo, o diretor do sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro – Senge RJ, Olímpio Alves dos Santos, defendeu a realização de uma grande Conferência do Povo Brasileiro para refundar a República e construir, finalmente, uma nação soberana, democrática e justa. A proposta nasce da constatação de que o Brasil permanece preso a um modelo político herdado da lógica colonial, dominado por elites associadas ao capital estrangeiro que age abertamente para sabotar os interesses soberanos do país.

“A República foi fundada com um golpe de Estado e até hoje não nos libertamos disso”, afirmou Olímpio. O diretor destacou que em cada momento decisivo, quando o Brasil se voltava para a superação das desigualdades, a elite entreguista e os militares estavam presentes para impedi-lo — como em 1937, no golpe conta Getúlio; em 1964, no golpe contra João Goulart e suas reformas de base; no golpe contra a presidenta Dilma, em 2016 e em 2023, na tentativa fracassada de Bolsonaro. “Precisamos dar um passo além: refundar a República sobre novas bases, com o protagonismo do povo brasileiro”, defendeu Olímpio.

Assista a live na íntegra:

Uma república inacabada

Ao longo da entrevista, Olímpio traçou um panorama histórico de tentativas frustradas de se construir um projeto nacional autônomo. Da Ação Nacional Libertadora (ANL) nos anos 1930 às reformas de base propostas por João Goulart em 1964, passando pela Constituição de 1988, diversas iniciativas foram derrotadas por uma elite que nunca aceitou um Brasil soberano, popular e democrático.

“O manifesto da ANL já propunha a suspensão do pagamento da dívida externa, a nacionalização de empresas estrangeiras, a reforma agrária e um governo popular. Tudo isso foi enterrado pelo golpe de 1937. Em 1964, as mesmas propostas voltaram à cena, com as reformas de base propostas por Jango, mas também foram sufocadas pelo golpe militar”, relembrou.

Com a ascensão de Fernando Henrique Cardoso ao poder, Olímpio destaca a mutilação da Constituição de 1988 pelas emendas constitucionais que desmontaram o Estado brasileiro. “FHC destruiu a espinha dorsal da nossa soberania: quebrou o monopólio da União sobre o petróleo, privatizou setores estratégicos e abriu mão do controle sobre a engenharia nacional.”

Soberania, desenvolvimento e justiça social

Para o diretor do Senge RJ, a retomada de um projeto de nação exige a superação da dispersão das forças progressistas e populares. “Não adianta lutar por moradia sem soberania. Só com um projeto nacional é que vamos acabar com as moradias subnormais, com o déficit habitacional, com a pobreza”, defende.

Ele afirma que as condições técnicas e humanas para resolver os grandes problemas do país existem. O que falta, segundo ele, é vontade política e a quebra dos grilhões impostos por uma classe dominante que lucra com a desigualdade. “Temos uma das dez maiores economias do mundo, mas também estamos entre os dez países mais desiguais. Isso é fruto da visão colonial da nossa elite.”

A destruição da engenharia nacional, simbolizada pela Lava Jato, também foi tema da entrevista. “A Lava Jato não tinha como objetivo o combate à corrupção. Ela destruiu a Petrobras, a indústria naval, a construção civil. Queriam acabar com o que tínhamos de soberania. Na verdade, a Lava Jato foi mais um capítulo no projeto de entregar a Petrobras para o capital estrangeiro, iniciado por Fernando Henrique Cardoso, quando colocou ações da empresa na bolsa de Nova York e quebrou o monopólio da exploração e refino”, disse Olímpio.

Uma proposta para o futuro

Diante desse cenário, a proposta de Olímpio é clara: organizar uma grande conferência nacional, convocada pelas forças populares, para definir um programa mínimo comum de reconstrução nacional.

“Se não enfrentarmos essa elite herdeira da cultura da fazenda, que se opõe ao combate às desigualdades para não perder seu exército de reserva de mão de obra, não construiremos um país soberano. Precisamos levar esse debate às classes populares, aos sindicatos, aos movimentos sociais. Precisamos reunir o povo brasileiro para definir o que queremos: qual projeto de país vamos construir.”

Para Olímpio, as eleições de 2026 representam um marco decisivo. “Devemos aproveitar este período pré-eleitoral para organizar essa grande conferência e refundar, de verdade, a nossa República. Não será fácil, mas com empenho e unidade, é possível”.

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