Você conhece Eleanor Marx, que liderou a luta pela jornada de 8 horas?

No século 19, a filha do filósofo Karl Marx foi uma precursora do socialismo feminista, empenhou-se na organização dos sindicatos, apoiou greves e campanhas pelos diretos dos trabalhadores (as).

Para encerrar março, mês das mulheres em luta por direitos, num dia de combate ao autoritarismo, o Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senge RJ) saúda Eleanor Marx (Londres, 16 de janeiro de 1855 – 31 de março de 1898), ativista, escritora, tradutora e uma das precursoras do socialismo feminista. Filha caçula do filósofo alemão Karl Marx e de Jenny Marx, Eleanor foi uma liderança destacada na campanha pela jornada de oito horas diárias de trabalho, proposta em 1889 pela Segunda Internacional, em Paris, e uma militante da organização sindical de homens e mulheres. Faleceu nesta data há 125 anos.

“Em maio de 1890, 300.000 marcharam por Londres em apoio à campanha [da jornada de oito horas]. No ano seguinte, eram 500.000 marchando. Engels argumentou que a campanha era ‘inteiramente obra de Eleanor e Edward [Edward Aveling, seu companheiro na época]’. Esses foram os anos cruciais na vida de Eleanor. Como sua biógrafa Yvonne Kapp escreveu: ‘Sua voz, a da filha de Marx, havia alcançado as massas muito tempo antes; agora ela falava como membro e representante de uma organização de massas que ajudara a criar’’’. (Fonte: Eleanor Marx, Obra Completa, org. Felipe Vale da Silva e Guilherme Henrique Nahes Alonso, 2021, Londrina/São Paulo, Aetia Editorial)

No fim da década de 1880 e na década de 1890, a militante se dedicou à luta sindical, apoiando greves, como a do Porto de Londres, e ajudou a organizar o Sindicato dos Trabalhadores no Setor de Gás, ao mesmo tempo em que dava  inúmeras conferências sobre o socialismo. Em 1884, foi uma das fundadoras da Liga Socialista.

“Em termos de teoria, ela se pautou na obra de Engels para desenvolver uma análise marxista da opressão das mulheres, trabalhando incansavelmente, também, para garantir que as obras de Marx fossem publicadas e traduzidas”, diz a edição da sua Obra Completa, pela Aetia Editorial. “Ela lutou para transformar sua política internacionalista em uma organização real. Em 1896, por exemplo, ajudou a organizar uma conferência em Londres em que ‘a lista dos presentes é uma ponte do século XIX para o século XX: ali estava Jean Jaurès; George Lansbury; Rosa Luxemburgo; James Ramsay Macdonald; George Bernard Shaw; os Webbs e Clara Zetkin’. Acima de tudo, ela trouxe a política marxista para as grandes lutas da década de 1880 e ajudou a formar uma geração de líderes socialistas. Seja nas fábricas exploradoras de judeus do East End, seja dirigindo-se a milhares de estivadores em greve, sua mensagem sempre foi a mesma: ‘Quando a revolução vier – e ela virá – será em prol dos trabalhadores, sem distinção de sexo, ofício ou país, de pé e lutando ombro a ombro’’’.

(Em 1919, a Organização Internacional do Trabalho adotou a primeira convenção, definindo que a jornada de trabalho não deve ultrapassar 8 horas por dia e 48 horas por semana. Em 1935, adotou uma nova convenção definindo o limite de 40 horas semanais. Quinze países assinaram a convenção.  A Constituição mexicana (1917) foi a primeira a limitar a jornada diária em oito horas, seguida pela de Weimar, na Alemanha. No Brasil, um ano depois, em maio de 1890, a reivindicação foi incorporada aos estatutos da Liga Operária de Pernambuco e grupos organizados de trabalhadores na Bahia, no Ceará e no Rio de Janeiro também apresentaram suas demandas em congressos e na celebração de primeiro de maio. Apenas mais de 40 anos depois, a jornada de trabalho de oito horas diárias para o comércio foi instituída no Brasil pelo Decreto 21.186, em 22 de março de 1932, e para a indústria, em 4 de maio de 1932, por Getúlio Vargas, que, em 1943, reforçou sua garantia na CLT, agora desfigurada com a reforma trabalhista.) 

https://aetia.com.br/2021/02/28/obra-completa-eleanor-marx/

https://expressaopopular.com.br/livraria/eleanor-marx-uma-vida/

 

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