(Foto: Rodrigo Ricardo/Especial para o Jornal da Adufrj)
Fonte: Agencia Brasil/EBC
O professor Alberto Luiz Galvão Coimbra, 94 anos, morreu quarta-feira (16) no Rio de Janeiro. O professor fundou o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe/UFRJ), em 1963, a primeira pós-graduação em Engenharia do Brasil, hoje o maior centro de ensino e pesquisa da América Latina na área. Coimbra estava internado há mais de 15 dias no Hospital Samaritano, em Botafogo, na zona sul do Rio e morreu de falência múltipla dos órgãos.
Coimbra era mestre em Engenharia Química pela Universidade de Vanderbilt (1949). Ele defendeu energicamente um modelo de ensino baseado em horário integral, com dedicação exclusiva. Isso em uma época em que ser professor universitário no Brasil era só uma atividade extra. Num período em que as escolas de Engenharia então existentes se preocupavam, basicamente, em formar profissionais para o mercado, Coimbra já defendia investimento em pesquisa.
Trajetória
Baseada em três pilares – excelência acadêmica, dedicação exclusiva de professores e alunos e aproximação com a sociedade –, a pós-graduação criada por Coimbra inspirou e serviu de modelo para outros cursos de pós-graduação criados posteriormente no Brasil, mudando os rumos do sistema universitário no país.
Com poucos recursos, buscava convênios para trazer professores estrangeiros, fossem americanos ou russos, em pleno regime militar. Por conta desta atuação em prol de uma ciência independente, foi convocado para depor na Polícia Federal e fichado e humilhado na ditadura. Teve seu rosto coberto por um capuz e foi conduzido coercitivamente ao Quartel do 1º Batalhão da Polícia do Exército, na Tijuca, onde funcionava o DOI-Codi.
Em 1973, o Conselho Universitário decidiu que Alberto Luiz Coimbra seria proibido de exercer postos de chefia. O fundador da Coppe deixou então a universidade e foi acolhido pelo amigo José Pelúcio Ferreira, então na direção da Finep, empresa pública financiadora de ciência e tecnologia. Lá passou dez anos exilado da vida universitária, período que considerou “o pior de sua vida”.
A reabilitação veio em 1981, ainda durante o regime militar, quando recebeu o Prêmio Anísio Teixeira, do Ministério da Educação. De volta à Coppe em 1983, Coimbra assumiu a coordenação do Programa de Engenharia Química, o primeiro curso da Coppe, no qual permaneceu como pesquisador até se aposentar, em 1993, já com as merecidas honrarias, tornando-se professor emérito da UFRJ.
Em 1995, a instituição que Coimbra sonhou e construiu deu-lhe um dos maiores reconhecimentos que se pode receber em vida: passou a se chamar Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia. Manteve-se, porém, a sigla que ele escolhera 30 anos antes: Coppe.
Reitoria
Em nota, o reitor da UFRJ, Roberto Leher, lamentou a morte de Coimbra: “Lamentamos com profundo pesar a morte do professor Alberto Luiz Galvão Coimbra, um dos intelectuais formadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sua visão ampla e estratégica sobre a sociedade e a universidade construiu alicerces importantíssimos para a trajetória de milhares de profissionais. Em quase seis décadas atuando de forma dedicada na Coppe e na UFRJ, Coimbra contribuiu para o desenvolvimento econômico e social do país e iluminou o caminho não apenas de engenheiros, mas também da instituição universitária brasileira.”
O velório ocorreu quinta – feira (17), no Memorial do Carmo, zona portuária do Rio. O corpo foi cremado no crematório do Carmo, no mesmo local.