Nova rodada de negociações entre Eletrobras privatizada e sindicatos é marcada pela insistência na redução de salários

Pela terceira vez a Eletrobras sentou à mesa de negociações com propostas absurdas. Mais uma vez, o Coletivo Nacional dos Eletricitários, representante dos trabalhadores e trabalhadoras da empresa, se recusou a aceitar qualquer negociação sobre cortes salariais. 

Nem a viralização e ampla cobertura da mídia independente sobre as propostas absurdas, nem a reunião com o ministro do Trabalho e Renda, Luiz Marinho, foram suficientes para mudar a postura da Eletrobras para a primeira negociação de acordo coletivo de trabalho com os funcionários desde a privatização. 

Seguindo o padrão estabelecido pelas duas primeiras rodadas, o terceiro encontro das partes para a negociação do Acordo Coletivo de Trabalho 2024/2026 teve a precarização como foco e, mais uma vez, a resistência intransigente dos sindicatos à piora na qualidade de vida e trabalho dos funcionários e, consequentemente, na prestação de serviços à população.

Após um minuto de silêncio em homenagem ao trabalhador da CGT/Eletrosul que faleceu após acidente de trabalho em Mandiritube, região metropolitana de Curitiba, depois de uma década de serviços, a empresa apresentou sua nova proposta: reajuste zero e redução salarial. A novidade foi a proposta de aplicação de índices distintos para faixas salariais aos hipossuficientes e redução aos hipersuficientes.

A proposta de cortes salariais acontece após a redução de 33% da folha de pessoal, que representou um corte de quase R$500 milhões em benefícios. Já a alta direção teve um aumento de 37% e a empresa registrou um lucro líquido de 4,4 bilhões. “Querer reduzir salários é uma contradição com o cenário de uma empresa pujante. Sabemos que a Eletrobras não é mais uma empresa estatal, mas respeito e valorização do quadro de pessoal é fundamental em qualquer empresa, incluindo as privadas. Em um setor tão estratégico como nosso, entender, respeitar, valorizar a história construção cotidiana é estratégico e fundamental para ter um ambiente organizacional positivo e condizente com o tamanho da empresa”, destaca o último boletim do CNE.

A busca por cortes de gastos com funcionários também alcançou os planos de saúde: trabalhadores ativos deverão ser atendidos por plano de mercado, enquanto aposentados e agregados seguirão no sistema de autogestão. A possibilidade de descontinuidade de atendimento preocupa os trabalhadores, justamente em momento que aumenta o adoecimento físico e psicossocial nos corredores da empresa.

Na quarta rodada, que acontece nos dias 7 e 8 de maio. Na ocasião, o CNE irá apresentar as questões específicas dos ACTs de cada empresa e normas internas. Da parte da Eletrobras, espera-se uma proposta condizente com os lucros registrados, resultado direto e exclusivo do trabalho dos funcionários.

Clique aqui para ler o último boletim do CNE.


Texto: Rodrigo Mariano/Senge RJ

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