O Conselho de Administração da Eletrobras privatizada anunciou, na última segunda-feira (30), a demissão de José Renato Domingues, vice-presidente de Gente, Gestão e Cultura da empresa. O desligamento do executivo acontece em meio à primeira negociação de Acordo Coletivo de Trabalho entre a Eletrobras e seus funcionários desde a privatização. Se seu desempenho neste processo foi considerado para a decisão, ela se justifica.
No cargo há pouco mais de um ano, Domingues vinha sendo um problema para os trabalhadores e trabalhadoras da empresa mesmo antes das negociações do ACT 2024/2026. Em agosto de 2023, o CNE denunciou assédio moral coletivo praticado por sua diretoria que, além de perseguir representantes sindicais, costumava fazer lives onde eram apresentadas propostas de alteração salarial e carga horária, em descumprimento ao ACT assinado e homologado junto ao Tribunal Superior do Trabalho.
Entre as posturas nada profissionais assumidas por Domingues ao longo do processo de negociação, algumas se destacam: em abril deste ano, o vice-presidente enviou advogados de escritório contratado para negociar com os sindicalistas em seu nome. Já na quinta rodada, em pleno processo de negociação, tirou férias.
“Essa demissão não muda as regras dos ACT ou o resultado na justiça, mas mostra força política dos sindicatos nesta negociação. A Eletrobras abriu a mesa de negociações em abril com o objetivo de fechar em maio, com uma pressão enorme. Se não fosse a resistência dos sindicatos e trabalhadores, essa negociação já teria terminado em condições muito ruins. Mesmo as bases que fecharam acordo, que optaram por não levar a questão à justiça, conseguiram mitigar danos e melhorar significativamente a proposta que eles defendiam”, destaca Alexander Polasek, diretor do Senge RJ e representante sindical do sindicato no Cepel.